O encarei com olhos arregalados, ele me encarou com um sorriso brincalhão. O mesmo sorriso de uma criança com olhos incrivelmente verdes e cabelo preto, sentado no mesmo centro rochoso do lago que ele me levou, brincando com a água.
Um tempo diferente, a mesma... coisa.
-- O que é isso? -- Eu disse quando a lembrança que não era minha se firmou como uma memória.
-- É como minha magia funciona. -- Ele nunca desviava o olhar, os mesmos olhos da criança, mas... Diferentes, antigos, apáticos. -- Você pensou em algo, minha magia sentiu, para que eu ouvisse o que você pensou, eu teria que dá algo em troca, eu dei. Uma memória por outra.
Uma memória por outra. Foi isso que aconteceu na noite passado? Zayan em cima de uma mulher, eu em cima de Eric, minha cabeça contra o painel do carro, um golpe contra a cabeça de um homem já velho...
Ele continuou:
-- Sua magia não possui tais regras--
-- Espere. -- Eu o interrompi. -- Você está me dizendo que dentro dessa história, meninos tinham que seguir regras, e meninas não? -- Ele franziu a testa me olhando como se eu tivesse um terceiro olho.
-- Basicamente. Então--
-- Legal, é tipo uma reparação histórica e tudo mais.
-- Sabina, se não parar de me interromper, eu ligo o carro e te deixo aqui para descobrir o caminho de casa sozinha.
Olhei para a escuridão ao nosso redor, a noite caindo com força contra as arvores que cercavam os dois lados da rua.
-- Você não seria capaz.
-- Me teste. -- Tinha certeza naqueles olhos. E, bem, ele de fato me deixou uma vez no meio da rua. Balancei a cabeça para que ele continuasse.
-- Bruxas não possuem tais redias controlando sua magia, se desejarem queimar uma cidade inteira, movida por puro ódio, não teria que, não sei, desmaiar por 7 dias devido a inalação da fumaça, como a minha magia teria pedido. Se eu quisesse queimar sua cidade, eu poderia, mas teria que pagar de alguma forma, os padrões na minha magia demandam isso. A fumaça que vem do fogo, seria esse meu pagamento. E eu poderia morrer no processo, não é como se ela fosse esperar para que eu saísse de lá a tempo.
-- Não me parece tão ruim. -- Eu disse. -- Eu mesma aceitaria ficar apagada por um bom tempo se isso significasse que eu poderia transforma essa cidade em cinzas. Na verdade, isso seria uma vantagem.-- Ele me deu um olhar de advertência, e eu fechei a minha boca como se fosse um zíper para o dizer que eu lembrava da sua ameaça.
Ele bufou entediado.
-- Com esse conhecimento, e a devastação que uma única bruxa poderia causar, foram criados amuletos em formato de estrelas de 7 pontas, para serem usados próximas ao peito, com o intuito de inibir a maior parte desse poder.
Eu fiz um esforço muito grande para não transparecer sobre a coincidência que seria se esse amuleto que ele fala fosse o mesmo que eu encontrei no quarto dos meus pais.
-- Ninguém, além dos 7 bruxos que governavam o clã de salem,criadores do amuleto, sabiam sobre o seu real proposito. Venderam a ideia de que o amuleto fazia o exato oposto, diziam que era um presente dos 7 bruxos que os antecederam, que ele aflorava os sentidos, aumentava seus poderes.
"Mas como eu disse, Sabrina Canter era esperta demais. Foi com 14 anos que ela começou a suspeitar, por que ela poderia não ser a bruxa mais poderosa de sua geração, mas certamente era a mais inteligente, e toda vez que tentava usar magia, sentia um leve puxão no peito, como se o amuleto a desse um choque.
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Cheserie Box
Roman d'amourChaserie não é uma caixa de Pandora, mas para o azar de Sabina Canter, a semelhança entre o tamanho da cidadezinha e os segredos guardados com o vento alegam que poderia ser. Uma vez em que olhos verdes de berilo espreitam entre o vão da port...