Zayan ameaçou me matar mais uma vez se eu repetisse de novo que queria um pirulito. Eu ameacei nunca mais dizer seu nome. Ele debochou de mim e perguntou se eu era estupida, mas a única coisa que chegou perto do meu pescoço foi sua boca, e sua língua, e seus dentes.
As luzes piscando tornaram difícil saber se eu o ainda via de forma distorcida por seja lá o que que ele disse que eu usei, ou se era devido o globo de espelhos pendurado no teto, refletindo meus saltos altos, e me fazendo brilhar.
Zayan sumiu em meio a escuridão em um piscar de olhos, apareceu atrás de mim logo em seguida, suas mãos serpenteando o meu corpo no ritmo da musica, sua boca beijando a minha clavícula e deixando rastros do seu hálito por toda a minha pele formigando.
O que era aquilo? Estreitei os olhos para ver o que tinha no balcão de pedidos.
Um pirulito! Corri para lá, o pote de vidro estava cheio de pirulitos grandes e achatados em forma de estrela, peguei o roxo e pressionei na minha língua enquanto caminhava para onde Zayan estava.
-- O que você está fazendo? -- Sua voz se embaralhando as outras vozes.
-- Olhe! -- Gritei mostrando a ele minha língua, que provavelmente estava roxa. Acho que ele riu, ou bufou. As luzes não me deixavam ver direito.
Então ele me arrastou pra perto quando a música se tornou lenta, ele nos movia com a suavidade de um dançarino treinado, ou um assassino.
Ele arrastou a boca para o meu ouvido, o suspiro involutório que escapou de mim o fez rir.
-- Sabina... -- Ele falava meu nome em uma cadência tão perfeita. -- Ainda não é meia noite, e eu tenho um lugar para ir.
-- Não sou a Cinderela, então vá em frente. -- Ofereci um sorriso prepotente — Tem minha permissão, Zayan Seillen.
Ele riu mais uma vez. O som da sua risada fazia a música parecer desleixada.
-- E você vai para casa.
-- Não. -- Franzi o cenho quando ele riu de novo.
-- Vai sim. -- Não era mais sutileza na sua voz, era ameaça, embora o meio sorriso permanecesse. Quase como se ele já tivesse nascido assim, ou se acostumado com a forma.
-- Zayan, você não manda em mim. -- Ele lambeu o meu pescoço, eu agarrei o seu ombro com receio de que perdesse a sustância das minhas pernas.
Outra risada contra a minha clavícula. Quase me levou ao inferno de novo, eu culpei o álcool.
-- Tchau, Sabina. -- Finalmente se deu por vencido, talvez a lenda sobre o nome ter poder sobre o outro fosse verdade, se bruxos eram.
-- Boa noite, bruxinha. -- O estalo foi a ultima coisa que eu ouvi.
.............
Ou talvez não. Talvez o nome não tivesse poder sobre o outro, talvez eu tenha me precipitado, porque a dor no meu pescoço foi horrível, quando mal pude o virar para tirar os olhos do teto pensei que talvez ele ainda estivesse quebrado, a tal magia que parecia me regenerar sumindo.
Mas aos poucos a dor ia embora, se afastando devagar, como uma cobra que decidiu não atacar.
Quando coloquei força nos braços, pois julguei que a dor fosse suportável o suficiente para levantar, pacotes de alguma coisa amassaram embaixo de mim.
Pirulitos.
Pacotes de pirulitos amarelos.
Inúmeros deles por toda a minha cama, engolindo a coberta preta. Pisei no chão, mais pirulitos, cobrindo o assoalho de madeira.
No chão do banheiro. dentro da banheira, era a porra de um mar revolto de pirulitos em tudo que era lugar.
Me olhei no espelho, minha boca estava roxa. Pirulitos roxos. Um flash de vermelho... a boca vermelha de Zayan. Na minha boca. Nos beijamos. No meio de uma boate, espero mesmo que tenham me visto beijando um homem e não um animal, isso seria mais aterrorizante do que meu quarto agora.
E quando abri a porta para as escadas, meu coração galopou incrédulo, pirulitos por todos os degraus.
Quando cheguei na sala... Era um pesadelo. Só podia ser. Belisquei meu braço.
-- Au inferno. -- Falei sozinha, minha voz ecoando na casa, o local dolorido no meu braço.
Pirulitos, pirulitos e mais pirulitos. Um rastro fino de pirulitos vermelhos cortava o mar de pirulitos amarelos. Segui ele até o sofá. Um envelope verde claro, marcado com uma cera escura. Só podia ser brincadeira.
Para: minha bruxinha Sabina.
Por nada. ;)
De: Zayan Seillan
Filho da puta. Ele era um filho da puta e eu o poderia tacar gasolina e o queimar vivo agora mesmo.
Uma batida na porta. Ela não se abriu. Outra batida na porta. Não era ele. Chutei os pirulitos abrindo caminho até lá, desejando que todos pegassem fogo.
1: Nunca acreditei muito em superstições.
2: Nunca fiz muitas escolhas sábias.
3: Nunca pesquisei a fundo coisas que eu deveria aprender.
Acho que essas três coisas foram o motivo do incêndio. Minha casa inteira começou a pegar fogo.
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Cheserie Box
RomanceChaserie não é uma caixa de Pandora, mas para o azar de Sabina Canter, a semelhança entre o tamanho da cidadezinha e os segredos guardados com o vento alegam que poderia ser. Uma vez em que olhos verdes de berilo espreitam entre o vão da port...