De qualquer forma paramos na minha casa. E o maldito gato ainda estava lá, deitado no sofá e balançado o rabo felpudo para Ciryss.
-- Desde quando você tem um gato? - Ele perguntou confuso.
-- Desde nunca. Ele invadiu minha casa.
-- Será que você não estava com muito sono e alucinou achando que ele era uma pessoa? -- Eu poderia mesmo levar isso em consideração, se o ardor na minha garganta não dissesse o contrario.
Caminhei até a geladeira para vê se meu arroz doce ainda estava intacto. Estava. Menos mal.
-- Seu merdinha! -- Ciryss xingou quando o gato rosnou para ele, me virei a tempo de o ver esfregando o braço, agora com um arranhado enorme.
-- Acho que ele não gostou muito de você.
-- Jura, Sabina? -- Cyriss se virou para mim com raiva e eu apenas levantei as mãos em rendição o dizendo silenciosamente para se acalmar.
-- Se resolvam vocês dois, não tenho nada a ver.
Subi as escadas ouvindo os xingamentos dele se tornando mais baixos e ainda mais sujos. Algumas blusas e calças seriam o suficiente, não era como se eu fosse passar muito tempo lá de qualquer forma. E embora eu de fato preferisse as roupas de Ciryss, as chances de que ele deixasse eu as usar eram baixas.
-- Que tal... -- Falei descendo as escadas encontrando o gato no mesmo lugar, e Ciryss do outro lado do comodo, sentado na cadeira da mesa de jantar, encarando os olhos verdes do felino.
-- A gente passar no mercado e comprarmos alguma coisa para beber? -- Falei ignorando completamente a suposta disputa de quem olhava mais tempo entre um ser humano e um animal. Embora o temperamento de Ciryss fosse quase um meio termo.
-- Que seja. - Ele resmungou caminhando até o carro.
-- Qual é o seu problema? -- Perguntei trancando a porta de casa.
-- Como assim qual é o meu problema? -- Ele perguntou entrando no carro.
-- Você está mal humorado. -- Franzi a testa quando ele começou a dirigir. -- Na verdade você está sempre mal humorado, mas nesse exato momento em particular você está hiper mal humorado.
Ele revirou os olhos ao fazer uma curva fechada e ultrapassar um sinal vermelho, parando abruptamente no mercado mais próximo.
-- Nem todo mundo tem o seu poder de ignorar as coisas, Sabina.
-- O que exatamente você quer dizer com isso? -- Tirei o cinto. -- Não tenho culpa se o gato te arranhou.
-- Que se foda o gato, Sabina! Eric segue você como um cachorrinho atrás de um dono.
Talvez eu precisasse de varias bebidas. Respirei fundo e me voltei para ele:
-- Eu e Eric não temos mais nada! É você quem parece obcecado por ele. -- Ciryss não respondeu, mas pude ver os nós de seus dedos se tornando brancos sob o volante. --Se eu já superei essa história, por que é que você também não supera? -- O ar se condensava dentro do carro cada vez mais que nossas vozes se alteravam, e o cheiro de hortelã da boca de Ciryss me dava enjoo.
-- Talvez porque você vive dando espaço para ele!? -- Ele se virou para mim, os olhos âmbar agora escurecidos, longe daqueles que eu apreciava encarar.
-- Talvez eu devesse dá outra coisa para você finalmente conseguir ter outro assunto para falar. - Eu vi quando a expressão de Ciryss se intensificou de raiva para ódio, mas não o dei tempo de explodir quando eu disse logo em seguida:
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Cheserie Box
RomanceChaserie não é uma caixa de Pandora, mas para o azar de Sabina Canter, a semelhança entre o tamanho da cidadezinha e os segredos guardados com o vento alegam que poderia ser. Uma vez em que olhos verdes de berilo espreitam entre o vão da port...