Capítulo 22

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Não era exatamente a notícia que eu esperava receber, e Roger não era exatamente muito bom em dar notícias delicadas, então ele simplesmente disse e saiu, sem questionar o por quê o fogo começou em primeiro lugar.

Suponho que a morte dos Cipresnos fosse mais importante que isso.

Fiquei um tempo parada onde estava, tentando raciocinar o que aconteceu.

Ciryss e Crissy estavam orfãos.

Bom, pelo menos agora eu não era a única.

Me dei um tapa na testa. Coisa horrível de se pensar.

Mas, bem, não era mentira, e também não era como se fosse fazer muita diferença na vida deles uma vez que os pais nunca estavam presentes.

Bati a outra mão na testa. Eu provavelmente deveria parar de pensar.

Com as mãos na cabeça e saltos desconfortáveis nos pés, eu provavelmente deveria tomar um banho antes de ligar para Ciryss e me oferecer para está lá, ou simplesmente aparecer, da mesma forma que ele fez na minha vez.

Talvez existem momentos em que palavras não preenchem o eco recém formado.

Estreitei os olhos para a maldita carta que começou o incêndio, mas não queimou junto com ele.

Literalmente, intacta.

O verde do celo lembrando o verde dos olhos de Zayan ao aparecer em meio as sombras no banheiro da Cazz Stop.

Puta merda. Meu celular ficou na boate, meu carro ficou na boate.

Respirei fundo, não tinha lugar para irritação, só cansaço.

O que eu deveria fazer? Ir até o Cazz Stop e torcer para que a chave do carro estivesse em algum lugar do chão? Suspirei ao ir até as escadas.

Ao tentar ir até as escadas.

O máximo que consegui foi bater o rosto no chão. A goma secou e meus saltos ficaram grudados nela.

Acho que o pior foi a dor que se alastrou por toda a minha perna quando meu tornozelo se virou em um ângulo errado. O grito preso na minha garganta ao perceber que ele provavelmente estava quebrado ameaçou rasgar por dentro. Pareceu rasgar por dentro.

Tentei puxar o outro pé, mas a goma ficara dura demais, me prendendo ali. Zayan tinha sumido no momento em que Roger me chamou para entrar em casa. Sumido não. Eu fechei a porta no focinho dele.

Não era exatamente um bom momento para ele ficar ressentido.


...........


Tentei gritar algumas vezes sempre que ouvia barulho de movimentação do lado de fora, mas ninguém pareceu escutar. O sol já tinha dado boa noite a lua quando finalmente a porta se abriu enquanto alguém batia nela.

O rosto de Zayan estampava uma diversão maliciosa ao me olhar deitada no chão, com um tornozelo quebrado e presa na goma dos malditos pirulitos que ele deixou na minha casa.

-- Não gostou do meu presente? -- Ele perguntou ao franzir o cenho e estudar a mobília queimada.

-- Eu adorei. -- Vociferei olhando para ele. -- Veja como foi útil. -- Ele riu da minha raiva, eu revirei os olhos.

-- Por que não se levantou? -- Ele me olhou curioso ao se abaixar para que eu pudesse o ver melhor.

-- Porque eu achei que seria adorável dormir no chão sujo e queimado da minha casa. -- Ele levantou uma sobrancelha. -- Porque meu tornozelo está quebrado!

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