Capítulo 11

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Duas coisas: Zayan sabia pouco mais que eu. Vantagem para mim. Segunda coisa: Eu tinha em media um ano e alguns meses para viver. Isso se ele não descobrisse antes que eu estava mentindo.

Zayan saiu da minha casa com promessas obscuras de retorno, alegando que se eu estivesse mentindo, ele ia se divertir muito me matando repetidamente.

Algo me disse que ele também estava mentindo, pois precisava de mim para alguma coisa. Não decidi arriscar, não quando ele podia mudar de forma em qualquer momento.

...............

Fazia uma semana que ele foi embora e não voltou, uma semana que eu não ia para o colégio. Uma semana que meu celular não recebia nenhuma ligação, aparentemente se estivessem tentando falar comigo, era pelo celular que agora fazia companhia ao lixo. 

E fazia uma semana que a minha casa estava revirada. O quarto dos meus pais era o único intocado. A chave havia se perdido com eles.

Eu não sabia por onde começar a procurar qualquer coisa que desafiasse a ciência, mas eu estava procurando; em cartões postais, caixas esquecidas no tempo, cartinhas do fundamental, álbuns velhos. Qualquer pista.

Não encontrei nada. Pelo menos foi o que pensei até decidir finalmente arrombar a porta do quarto esquecido.

Estranhamente não tinha nada. E quando eu penso estranhamente, se deve ao fato de que deveria ter pelo menos uma cama.

A única coisa presente era uma cortina, com um rasgo pequeno no meio dela em formato de estrela, o sol atravessava aquela brecha diretamente para uma madeira solta.

Corri para lá. Mas a madeira não estava exatamente solta. Parecia solta. Mas estava tão firme quanto as outras.

A outra diferença nela era nas partes desgastadas. 7 pontinhos desgastados. Olhei para a cortina. Era uma estrela de 7 pontas. Tracei os dedos desenhando o desenho que parecia ter alí. Nada aconteceu. 

Seria preciso recitar palavras mágicas? Que baboseira.

-- Abracadabra? 

Tentei mesmo assim. Nada. Me senti completamente estupida. Mas não mais quando uma ideia absurda me ocorreu. Porque se magia era real, e eu de fato morri uma vez, então talvez se eu derramasse sangue... Não... Não.

Mas eu já estava no meio das escadas, com uma faca. E ao entrar no quarto em frente ao meu, olhei fixamente para a madeira, depois para a palma da minha mão. Uma memória foi puxada.

Minha mãe desenhando estrelas nas minhas palmas, uma música desconhecida sendo murmurada. Apenas a lembrança de uma sensação antiga demais pra se tomar consciência.

As linhas naturais da minha mão seguiam um formato curioso, então me esforcei para não gritar quando afundei a ponta da faca na pele fina, rasgando ela no sentido que as linhas corriam, formando uma estrela de 7 pontas.

Quando o sangue começou a jorrar eu me abaixei e pressionei a mão na madeira, os sulcos dela curiosamente alinhados com as pontas da estrela na minha pele. 

Nada aconteceu. Até que aconteceu.

Um estalo. A madeira sumiu, arquejei incrédula ao me impulsionar para trás, até que meus olhos se arregalaram para o compartimento que foi liberado, um cordão trançado com metal tinha a mesma estrela de pingente.

A estrela ao que parecia era a chave para o diário que estava alí dentro. Um diário com a capa de couro tão preta que, se não estivesse de dia, passaria imperceptível com a escuridão da noite.

Percebi que uma batida na porta não fez ela permanecer fechada. Na verdade pude ouvir ela se abrindo enquanto ainda batiam. 

Zayan.

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