Capítulo 4

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Fofo. Pensei ao entrar na farmácia que tinha no caminho do colégio. Muito fofo da parte dele ter deixado um coração. Z.S. Embora fosse um coração feio, ao menos ele tentou. Revirei os olhos pegando uma caixa de band aid dos minions.

-- Pelo menos vai combinar com seu cabelo. -- A atendente deu um sorriso forçado tentando me reconfortar pela segunda vez após ver meu rosto estampado de decepção com o band aid infantil.

-- Sabe, temos ótimos cremes de cabelo aqui. -- Ela deu um olhar para o meu cabelo antes de levantar uma sobrancelha e passar a compra. Vaca.

Inclinei a cabeça para o lado enquanto franzia a testa.

-- E você não pensou em usar nenhum?

Ela parecia ofendida quando saí da farmácia. Mas adolescentes possuíam certo direito de serem cruéis. Afinal. São adolescentes. Mas atendentes de farmácia com o dobro da minha idade não, já eram grandes o suficiente para comentários do tipo. E eu não tinha paciência o suficiente para fingir formalidade.

E caminhando, o mais lento possível para não ver Eric, o professor de álgebra, reli o bilhete umas 4 vezes até me convencer em não levar na delegacia. Não quando a letra com a qual foi escrito era a minha letra.

Já assisti bates motel muitas vezes para ponderar se talvez o acidente de meus pais não tenha me deixado sequelas assim.

Isso explicaria algumas coisas, como esse bilhete e a casa inteira está trancada quando eu obviamente vi alguém lá. Mas eu não estava ficando doida ainda, a mão dele era de fato macia.

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Felizmente era o intervalo. Infelizmente era o intervalo. Isso queria dizer que não ia ver Eric. Mas isso também queria dizer que ia ver gente. E uma notificação do twitter me fez parar na porta da cantina.

"Sabina Canter realmente foi presa? Ou será a continuação de A orfã?" Uma foto minha algemada sendo guiada para a delegacia em baixo da legenda infantil. Que dia de bosta.

Sai apressada do corredor da cantina e virei o corredor a direita, indo mais para dentro do colégio, onde tudo era azul como se tivessem ficado com preguiça de pensar em qualquer outra maldita cor.

Passei na frente da porta dos professores, esquecendo de me abaixar, e apressando o passo ainda mais ao ouvir ela se abrindo. Mas foi tarde demais, não deu tempo de virar a esquina quando alguém me chamou.

-- Sabina! -- Eric. Respirei fundo. Bem fundo. E me virei para ele com um sorriso fechado no rosto.

-- Professor. -- Dessa vez sorri com os dentes. -- Eaí...

Eric se aproximou. Bonito como sempre foi. Os cabelos ruivos precisando de um corte chamando atenção como sempre chamava. A barba por fazer e os olhos em um azul tão cristalino que poderia ser vidro.

-- Você está bem? Eu vi uma noticia no twitter de você sendo presa? -- Ele parecia não acreditar. -- O que aconteceu? Ta tudo bem? -- Eric ao que parecia via o twitter mais como uma rede de jornalismo.

-- Você não está um pouco velho para ficar vendo fofocas no twitter? -- Os olhos dele se entristeceram um pouco. Era uma jogada baixa considerando que ele não era tão velho assim, com 10 anos a mais que eu, Eric estava quase saindo da casa dos 20, enquanto eu entrava nela ano que vem.

-- Você sabe que pode contar comigo para tudo, Sabina. -- Ele disse, quase triste. Eu quase revirei os olhos. É claro que poderia, especialmente se aquilo envolvesse nudismo e um carro em um estacionamento abandonado.

-- Estou atrasada para aula, professor. -- Ele deu um sorriso quase triste ao observar:

-- É o intervalo.

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