Medicine | H.S

q u a r e n t a - n o v e

Angel

Não acreditava que Abigail estava aqui, que estaria disposta a me defender e testemunhar ao meu favor.

Sorrio levemente emocionada ao vê-la, ela me retribui o sorriso passando pelo corredor que levaria a arquibancada do julgamento. O estande e se senta ali.

— Imagino que você é a irmã mais nova da Sra. Ramsey. — Diz o advogado de Blake, em pé.

— Sim, sou eu mesma! — Fala séria.

— Veio testemunhar a favor de sua irmã, mesmo ela sendo culpada a tirar uma pessoa importante a você?

— Minha irmã não é culpada de nada, isso não foi declarado. Não pode sair a culpando por algo que não tem certeza.

— Mas você mesmo culpava sua irmã a um tempo atrás, o que a fez mudar de ideia?

— Culpei a minha irmã porque sentia raiva, assim como acredito que os pais de Marina também sentem. — Respira fundo. — Enxerguei que minha irmã apenas queria ajudá-la e fez o melhor para salvá-la. Mas ela nem sempre consegue salvar todo mundo, nem sempre um médico consegue salvar seus pacientes. O caso de Marina e os ferimentos eram muito graves.

— O que aconteceu com Marina?

— Estávamos saindo juntas em uma tarde, trocávamos carinho uma com a outra. Senti que estava sendo observada, tentei avisá-la, mas deveria ter insistido mais para ir embora. — Faz uma pausa. — Em meio desses carinhos, beijei Marina. Um grupo de garotos acabou vendo isso e quando passávamos perto de um beco eles a puxaram. Começaram a agredi-la. Não pude ajudá-la ou defendê-la, porque não tinha forças o suficiente para escapar das mãos daqueles meninos.

— Isso é tudo culpa sua! — Grita Blake levantando transtornado. — Sua influência, culpa tanto sua quanto de sua irmã. Minha filha nunca, nunca namoraria uma garota e nunca cometeria esse pecado. Ela era pura, não uma pessoa suja como você. Eu não aceito! — Fala descontrolado.

— Controla-se Sr. Jones! — Diz o juiz em um tom alto. — Não me faça tomar medidas mais sérias diante desse julgamento, se a interromper ou sair do controle mais uma vez. Teremos sérios problemas. — Vejo o homem ficar quieto, bufando de ódio, voltando a se sentar. — Prossiga, querida.

— O senhor está errado sobre mim! — Fala Abby olhando a Blake. — Com essas palavras julgo que não conhecia sua própria filha. Deveria repensar antes de me ofender, deveria pensar nela. Marina gostava, sim, de meninas, mas sentia medo. Se trancou no armário durante anos, com medo. Ela sentia medo de você, porque sabia que não iria aceitá-la ou apoiá-la. Vivia fazendo coisas escondidas com receio de sua reação e de sua família. Não se sentia protegia e nem acolhida, por nenhum de vocês. — Seus olhos lacrimejam. — Pode sim me chamar de suja, me ofender da pior maneira possível. Mas só quero que saiba que sua filha era como eu, ela me amava assim como eu a amo. Foi tirada desse mundo pela crueldade, pelo preconceito. Só queríamos ser felizes juntas, apesar das consequências estávamos felizes. Garanto que Marina morreu feliz, porque estava vivendo da maneira que escolheu. Sinto muito por não conseguir ajudá-la, eu sinto muito com todo meu coração e sempre irei carregar esse fardo comigo. Mas saiba que sua filha foi a melhor pessoa que conheci, a única que não senti medo de me abrir e quero que saiba que ela era incrível e se tornaria uma mulher extraordinária. — Limpa as lágrimas. — Apesar de suas atitudes, ela o amava, escreveu uma carta para lhe enviar quando fosse embora. Quando tomasse a decisão de se libertar, de viver livre. Ela queria que soubesse, pelas palavras dela, tudo que ela sentia e qual era seu objetivo. Marina foi morta da forma mais injustiçada possível, ela foi assassinada sim. Mas não pela minha irmã Sr. Jones, então pense mais a respeito de suas atitudes e do que sua filha sentiria ao vê-lo aqui culpando alguém totalmente inocente. — Olha para o juiz. — Posso me retirar excelência? — Pergunta antes que ele permita.