Capítulo 7

125 7 18
                                    


26 de agosto de 1850

"Hoje. Final da tarde. Perto do canteiro de narcisos.

P.s.: tenho sua cesta.

N. B."

Sucinto, direto e sem revelar mais do que deveria. Nicholas tinha certeza que Georgiana entenderia. Afinal, tinha sido o ponto de encontro deles um par de vezes.

O bilhete ia junto com uma muda, um tanto quanto mirrada, de oliveira. Foi o melhor que pôde achar no pomar da propriedade. Essa era a mensagem principal e esperava que sua vizinha aceitasse o pedido intrínseco.

Georgiana estava com sua mãe na sala quando o mordomo chega com uma carta em uma bandeja e entrega para ela.

— Humm... Cartas? Posso saber de quem é? — pergunta Eloise interessada.

— Não sei. Assim que descobrir eu te conto — Georgiana olha para o envelope e estranha. Não havia nenhuma identificação do remetente e não estava selado. Nicholas, pensou ela mas no mesmo segundo balançou a cabeça ignorando tal ideia. Ele não havia nem pedido desculpas pela impertinência dele e não parecia o tipo de homem que manda cartas.

— Meu Deus, Georgiana, abre logo essa carta — disse Eloise cortando seus pensamentos — quer que eu abra para você?

Eloise se levanta do sofá e vai para o lado de Georgiana.

— Não!! Pode deixar que eu abro — no momento em que Eloise se levantou, Georgiana se assustou e deixou a carta cair e de dentro dela saiu um raminho de alguma planta. Ela pegou para dar uma olhada mais minuciosa e percebeu que era um ramo de oliveira.

— Seu pai também me mandava flores junto com as cartas — disse Eloise sorrindo — apesar da sua flor ser um pouco mirrada.

— Não é uma flor, mamãe. É um ramo de oliveira. Isso tem cara de pegadinha do Oliver.

— Então abra logo para vermos o que ele está falando.

— Isso não é invasão da minha privacidade?

— Está escondendo alguma coisa, mocinha?

Georgiana ficou paralisada nesse momento. Estava escondendo várias coisas, inclusive que havia beijado o rapaz que sua mãe estava tentando emparelhar com ela.

— Claro que não, mas não gosto de ler minhas cartas com alguém atrás.

Eloise olha para ela desconfiada e levanta os braços em rendição.

— Está bem, você venceu. Vou deixar você lendo sua carta misteriosa. Vou ver seu pai. Ele está há muito tempo trancado naquela estufa.

— Vá sim, depois te conto o conteúdo da carta.

— Claro que vai, se não contar eu vou descobrir de qualquer forma — diz Eloise com um sorriso maldoso ao sair da sala.

Georgiana abre o envelope e vê as iniciais de Nicholas no final da carta.

Ela deixa o papel de lado e olha para o ramo.

Claramente ele havia lido o livro sobre as flores e estava tentando pedir desculpas. Georgiana riu ao pensar naquele homem enorme e rude segurando aquele livro minúsculo em busca de uma flor que simbolizasse o perdão. Poderia parecer besteira, mas esse gesto havia diminuído um pouco o ódio dela.

Resolveu ler a carta, esperando um pedido de perdão e se depara com uma intimação para que ela busque a cesta. Não gostava da ideia dele estar com a posse de um de seus pertences mas não estava tão preocupada com a cesta, já que o conteúdo mais importante havia sido entregue no correio naquele fatídico dia.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora