Agosto de 1851
— Se fosse possível morrer de tédio e calor, eu estaria morta — disse Georgiana sozinha, enquanto se secava depois de nadar escondida no lago.
Estava nadando há um bom tempo, refletindo sobre como estava se sentindo aborrecida e sem perspectivas. As coisas que ela realmente queria fazer não estavam ao seu alcance. Queria estudar fora, fazer algo importante para a sociedade, mas só podia sonhar com essas coisas e descontar no papel a impossibilidade de realizar seus sonhos. E depois que Nicholas foi embora, não tinha mais com quem falar sobre aqueles assuntos, tendo ela voltado à estaca zero.
E com isso, os últimos meses haviam passado como um borrão, sempre fazendo as mesmas coisas.
A única animação que teve foi a chegada das suas irmãs. Primeiro Amanda apareceu com as crianças no início de maio e depois Penélope.
Esta sim havia sido uma grande surpresa. Havia chegado em Romney Hall no mês anterior, ostentando uma barriga enorme e uma felicidade que era contagiante. O surpreendente, na opinião de sua mãe — e Georgie teve que concordar — foi a capacidade de Penélope em manter esse segredo por tantos meses.
A chegada dela havia trazido muita agitação para Romney Hall. Já havia até esquecido como a irmã era enérgica e barulhenta. E percebeu que nem sabia que havia sentido falta disso até ela aparecer, precisando do suporte da família para a chegada do primeiro bebê da família Thorne.
No entanto, mesmo estando muito feliz por sua irmã, estava ficando um pouco irritada com todo aquele clima de alegria e amor que estava transbordando em Romney Hall. Estava feliz por seus irmãos? Estava. Era muito feliz de saber que todos haviam encontrado o amor e que a família aumentava cada dia mais.
Mas lá no fundo sabia que não era só felicidade que sentia por eles. Não podia negar que estava com um pouco de inveja de seus familiares, que estavam todos apaixonados pelos seus respectivos cônjuges.
Ela também sonhava com um amor.
Sonhava encontrar alguém com quem teria uma cumplicidade tão perfeita, que seria capaz de entender o outro com uma mera troca de olhares, da mesma forma que seus irmãos e seus pais faziam.
Nesses momentos que percebia seus sentimentos conflitantes, Georgie ficava com tanta vergonha do que estava sentindo que saia andando pela propriedade, tentando se livrar desses pensamentos. Estava se sentindo mesquinha.
— Eu ainda vou ficar doida.
— Falando sozinha de novo, Georgie?
Georgiana virou-se assustada e viu Eloise rindo para ela. Não sabia como sua mãe descobriu seu paradeiro, mas havia poucas coisas que sua mãe não sabia.
— É bom seu pai não desconfiar que estava aqui no lago, vamos. O chá da tarde está quase pronto.
Saiu andando com sua mãe até a casa para mais um chá da tarde tipicamente inglês.
Depois de trocar de roupa e se secar adequadamente, desceu para a sala de visitas, onde as mulheres estavam sentadas tomando chá.
—... horroroso, simplesmente horrendo. — diz Penélope olhando para o manto que a vizinha de seus pais, Daisy, dera de presente para o bebê. — Ela deve ter confundido meu filho com uma das velhas da igreja. É a única explicação... Ah, oi, Georgie.
Penny sorri para a irmã e depois faz uma careta. O bebê chutava avidamente sua barriga fazendo a pele protestar.
— Venha, querida. Se junte a nós. — Eloise dá um tapinha no lugar ao seu lado no sofá.
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𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨
FanfictionGeorgiana Crane é a filha solteirona de Eloise e Sir Phillip Crane e vive por suas leituras e seus trabalhos com as plantas de seu pai. Mas, depois que viaja para aprofundar seus conhecimentos sobre botânica, ela acaba descobrindo novos interesses e...