Setembro de 1851
"23/09/1851
Senhorita Crane,
Talvez não consiga expressar em palavras o quanto fiquei feliz por reencontrá-la ontem. O quanto ansiava por isso. Foi uma lástima que nossa conversa tenha sido interrompida, ainda havia tanto que gostaria de lhe falar.
Espero que me perdoe a ousadia, mas ficaria encantado de acompanhá-la até a vila, ou, quem sabe, posso encontrá-la em algum outro lugar se sua preferência.
Meu único desejo é vê-la. Os termos são todos seus.
Sinceramente seu,
Nicholas Brougham"
Três dias se passaram e Nicholas não obteve resposta. Se perguntava quais seriam as chances da carta ter ido parar nas mãos de algum familiar de Georgiana. Phillip não parecia ser do tipo de pai que se intromete nas correspondências da filha. Eloise, bem, talvez... Não, não acreditava que faria tal coisa com Georgie.
Oh, talvez a encrenqueira da irmã dela, afinal, já havia arruinado um momento dele com Georgiana. Não duvidaria que ela omitisse a missiva da irmã.
Ele se senta na escrivaninha determinado. Mandaria outra por seu criado de confiança. Lhe ordenaria que a nova carta fosse entregue diretamente nas mãos de Georgiana.
"Querida srta. Crane..."
Um. Dois. Três. Quatro dias, e, novamente, o silêncio. Dessa vez tinha certeza que a garota Crane recebera. Seu empregado garantiu isso.
Mas ela não lhe respondia de volta. Nada. Nem mesmo uma linha.
Suspirou e mandou uma terceira, talvez tivesse se enganado naquela noite que se reencontraram.
Talvez tivesse passado dos limites com ela.
Na terceira tentativa de contato pedia perdão por seu comportamento impróprio e dizia que jamais quis desrespeitá-la. Pedia uma chance para que pudesse redimir seu comportamento infeliz. Mandou também um ramo de oliveira. Talvez a piada e referência a uma outra época amolecesse o coração de Georgie.
Georgiana estava trancada em seu quarto relendo as cartas de Nicholas pela milésima vez. Para alguém que dizia não ter muito jeito com as palavras, ele estava usando todo o vocabulário da língua inglesa para deixá-la confusa.
Não conseguia parar de pensar no baile, no retorno dele e em tudo que ele havia dito. E escrito. Até havia usado o código das flores novamente. Ela adorava quando ele fazia isso.
Estava confusa e ao mesmo tempo tentada. Mas quando pensava em responder, ficava com medo de estar sendo iludida novamente.
E se ele estivesse me usando para se curar do fim da história dele com Kathleen? Pensava Georgie em agonia.
Ela queria muito apreciar aquelas cartas com um sentimento bom, de encantamento, mas não conseguia excluir todas as hipóteses. Não sabia o que fazer com relação ao "seu" Nicholas.
Ao pensar nisso, ela sorriu e deu alguns gritinhos de animação enquanto batia os pés na cama. Gostava da ideia. Só não sabia o que fazer com isso. Nem o que responder.
Sabia que não era educado da parte dela não responder às suas cartas, mas também não era correto trocar cartas com um homem solteiro. Então, era como se nada estivesse acontecendo.
Bom, depois de duas semanas sem uma palavra de Georgiana, Nicholas foi de frustrado para apavorado. Tinha repassado toda a conversa do baile em sua cabeça, analisava com cuidado todas as partes procurando algo na conotação de suas palavras, mas nada explicava aquele silêncio.
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𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨
FanfictionGeorgiana Crane é a filha solteirona de Eloise e Sir Phillip Crane e vive por suas leituras e seus trabalhos com as plantas de seu pai. Mas, depois que viaja para aprofundar seus conhecimentos sobre botânica, ela acaba descobrindo novos interesses e...