27 de julho de 1852
Nicholas fechou os olhos, a água quente da banheira era um bálsamo; relaxante. Por um momento quase chegou a cochilar, estava cansado e depois que a adrenalina deixara seu corpo a exaustão o invadira. Mas, apesar de tudo, a vontade de se juntar à Georgiana, de conversar com ela era maior. Estava com tantas saudades que era desesperador não vê-la mesmo que estivesse no cômodo ao lado do dele.
Saiu da banheira e seus músculos protestaram. Havia feito a barba antes rapidamente e só os céus sabiam que não estava uma obra prima, mas já não parecia um prisioneiro horrendo. Lorenzo lhe dera uma mala com roupas limpas, apesar dele ser alto, não era tão robusto quanto Nicholas e as vestes ficaram coladas em seu corpo — mal esperava pelas piadas que Dev lhe falaria no privado.
Seu amigo e Luke os acompanham na viagem para garantir sua segurança. O homem que o conde de Wexford instruira também estava ali — cada um em sua cabine.
Se trocou rapidamente e seguiu para o cômodo do capitão, onde serviriam o jantar. Estava faminto, não comia decentemente há um par de meses.
Depois de um banho e trocar as roupas que estavam empoeiradas, Georgie foi para a cabine de Lorenzo para o jantar. Ficou ali conversando com a irmã e o cunhado. Apesar deles estarem tentando deixá-la cômoda, Georgie estava ansiosa por ver Nicholas.
Queria poder estar no mesmo cômodo que ele, ouvir a voz dele, tocar na mão do seu noivo. Ainda não conseguia acreditar que tinham conseguido tirá-lo daquela prisão terrível. Sabia que o que viria não seria nada fácil, afinal de contas ele tinha fugido da prisão e ainda estava sendo acusado de traição, mas saber que ele estava vivo já valia todos os riscos que correriam.
Estava pensando que Nicholas estava demorando a chegar para o jantar quando ele apareceu, um pouco contido.
Ela se levantou e foi até ele.
— Já estava achando que teria que ir buscá-lo — pegou a mão dele e o guiou até a mesa.
Ele se deixou guiar por ela com um sorriso. Entrelaça os dedos nos de Georgie — Não conseguia desviar os olhos. Ele estava ali com ela, a mulher que amava com cada fibra do seu ser.
— Boa noite — murmura ele para as pessoas à mesa.
Luke e Devlin entraram logo em seguida.
— Estou faminto — anuncia o amigo sem cerimônia.
— Eu poderia comer um banquete inteiro — complementa Luke.
— Se sintam em casa — diz Lorenzo.
— Isso, estamos em família — emenda Penny com um sorriso. Estava feliz pela irmã.
O navio se encaminhava para a Escócia num balanço suave; o mar estava calmo, quase como se fosse cúmplice daquela fuga.
O único barulho externo era o das ondas contra o casco do navio. Lorenzo deixara seu segundo imediato no comando do leme para poder se juntar aos convidados. Lizzie dormia tranquilamente em um berço perto da mesa.
Nicholas se senta ao lado de Georgie.
— Acho que não sei por onde começar a agradecê-los. Todos vocês... Arriscaram suas vidas por mim hoje, e sei que não sou merecedor disso... E por isso os agradeço ainda mais. Espero um dia poder recompensá-los.
Olha para todos na mesa. Sua voz estava embargada. Nunca se esqueceria daquele gesto louco e descabido, mas estava feliz por estar são e salvo.
Beija a mão de Georgie em um gesto pouco discreto, mas não se importava. Sabia que ela tinha arriscado muito para que tudo aquilo acontecesse. Ela, Luke, seus amigos, os Crane... Sempre seria eternamente grato a eles, não importava quanto tempo passasse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨
أدب الهواةGeorgiana Crane é a filha solteirona de Eloise e Sir Phillip Crane e vive por suas leituras e seus trabalhos com as plantas de seu pai. Mas, depois que viaja para aprofundar seus conhecimentos sobre botânica, ela acaba descobrindo novos interesses e...