Capítulo 10

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Janeiro de 1851

O que você fez, Nicholas?

O que diabos você fez?

De todas as encrencas que ele poderia ter se metido, ele realizou a maior.

Beijara a garota Crane não só uma, mas duas vezes. E a última poderia ter levado Nicholas a cometer um erro ainda maior e a essa altura estaria chamando Georgiana de senhora Brougham.

O último pensamento faz Nick balançar a cabeça horrorizado.

Não que ele não gostasse dela ou de sua companhia, isso ele apreciava, era fato. Mas estava apaixonado por ela? Não. A amava? Também não.

Ele tinha feito o que o próprio mais temia. Confundiu as coisas, deixou que os desejos da carne falassem mais alto e acabou por fazer besteira, mais uma vez.

Agora ele tinha um enorme problema em suas mãos e tinha que lidar com ele.

Georgiana depois dos acontecimentos do natal estava nas nuvens.

Passava os dias cantarolando e revivendo os beijos dela e de Nicholas e as trocas de olhares no salão depois de tudo.

Havia guardado o cartão de danças junto com o ramo de oliveira dentro de sua caixinha de recordações e pelo menos umas três vezes ao dia ela pegava os itens para se recordar de todas as coisas que havia vivido com Nicholas. Sabia que estava sendo tola, que não tinham nada e que eram apenas algumas memórias, mas se sentia leve e feliz ao ver esses objetos.

Se imaginava valsando com ele em um baile de natal, os dois sorrindo um para o outro e ela girando pelo salão dentro dos braços fortes dele.

Estava apaixonada. Nunca havia vivido isso antes, mas estava adorando a sensação de gostar de alguém. Parecia ver o mundo com outros olhos, olhos mais bondosos. Tudo estava lindo, estava realizando todas as suas atividades habituais com alegria e nem o tempo inclemente era capaz de destruir o seu humor.

Nicholas coxeava de um lado para outro em seu quarto pensando no que fazer. Tinha que falar com Georgiana, isso ele sabia, a grande questão era como. Suas ideias até então eram péssimas.

"Olhe, senhorita Crane. Estou um tanto quanto perturbado ultimamente e cometi mais um deslize com você. Não me leve a mal, sou apenas um imbecil patético. Nada tem a ver com você, tudo bem?"

Era tudo que tinha até então. E se ela quiser acertá-lo com um vaso ou quem sabe uma bala, aceitaria de bom grado. Como a moça tinha boa mira, talvez o seu fim fosse bem rápido. Ou quem sabe ela acertaria a perna boa de Nicholas e ele teria que aprender a usar muletas. Nada mal; nada que ele não mereça.

Devia ter se controlado com Georgiana desde o começo, mas na prática foi justamente o contrário.

Ele se levanta e põe o casaco.

— Vai sair, querido? — pergunta Daisy, sua mãe, aparecendo na brecha da porta.

— Não. — ele se senta e tira o casaco. — Não vou.

Mais essa... Tinha que despistar sua mãe. Se algo escapasse, as coisas tomariam uma proporção desnecessária.

— Hum — ela o encarou desconfiada. — Recebi uma carta de Eloise, ela gostou muito de Dev e...

Nicholas se levanta abruptamente, colocando o casaco novamente.

— Eu vou sair.

— Ah. Certo. Devo perguntar...?

– Nada demais. Negócios. Volto logo. — beija a testa de sua mãe ao passar por ela.

Devlin. Nicholas podia culpar um pouco o amigo, ou talvez pudesse culpá-lo mais que um pouco. Os joguinhos dele bem que influenciaram Nicholas na noite de natal.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora