Capítulo 28

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26 de julho de 1852

— Consegui o maldito! — esbraveja Luke entrando na sala de estar da casa dos Fitzgerald em Dublin.

Ali havia virando uma espécie de quartel-general. Boa parte das reuniões era feita ali, na calada da noite — apenas com algumas pessoas, os cabeças daquela operação suicida. Depois era repassado para o restante.

Devlin e os outros se encaminham para o escritório, estava nervoso e ao mesmo tempo animado — haviam conseguido a planta do forte Mitchell.

Há duas semanas atrás, Devlin e os Crane chegaram em Dublin com um plano totalmente insano e sem muito para começar a pôr ele em prática, Luke afirmara ter um conhecido que já ficara preso em Spike Island. E a coisa ficou ainda mais interessante quando o ex-prisioneiro não só tinha um amigo que era ex-oficial da guarda, como um outro que ainda servia no local.

Aí entraram Luke, Cillian Fyon e seus homens — todos muito prontamente se juntaram a Devlin e Georgiana para ajudar Nicholas, mas a excitação de invadir uma prisão como aquela era tão forte quanto o senso de justiça.

E agora tinham a última peça, aquela que deixaria o plano um pouco mais seguro. O oficial Crow, depois de algum esforço conseguira encontrar a planta e havia feito uma cópia à mão para o grupo de Devlin. Tinha ali mais que as informações que o conhecido de Luke os passara, as que nunca chegam aos ouvidos e olhos dos prisioneiros — passagens secretas.

Um pequeno círculo vermelho indicava a cela de Nicholas. Ficava no subterrâneo e mais um pouco para de direita...

Devlin solta um palavrão. Ele e Georgiana se encaram com animação.

— Vamos colocar o ratinho para correr, Georgie.

Os homens se foram pouco depois de repassar o plano algumas vezes, tinham que se preparar e pegar a estrada. Estavam de volta à Cork amanhã.

Devlin voltou para a sala acompanhado de Georgiana, Ryan e Lorenzo.

A irmã veio se juntar a Georgie para que os pais pudessem voltar para Londres e continuar buscando uma forma — legal — de ajudar Nicholas. Nenhum deles tinha ideia do que a filha planejava com o amigo do noivo.

Kathleen olhava emburrada para a sra. Thorne, que parecia sustentar uma expressão inocente totalmente fingida.

— Acho que a Lizzy não é muito sociável, Georgie — debocha ela dando uma última olhada na senhora da casa. — Bom, nem todo mundo tem instinto materno.

Georgie segura o riso ao ver Penélope provocando a Sra. Fitzgerald. Tinha contado para ela sobre Kathleen e parecia que Penélope estava disposta a infernizar a anfitriã. Claro que Lizzie não tinha culpa de nada, mas achava que sua irmã tinha virado a criança para o lado da outra mulher de forma proposital.

Não tinha mais nada contra a Sra Fitzgerald. Tinha ficado muito receosa de conhecê-la, mas ao fim tudo saiu bem. Ela tinha sido educada com Georgie e em certo ponto de uma das reuniões, chegou a dizer que estava feliz por Nicholas ter encontrado a mulher da vida dele. E desde então tratavam-se com civilidade. Não eram amigas, mas poderiam conviver pacificamente. Diferente de sua irmã belicosa.

Estava nervosa com o que iria fazer, mas saber que ainda tinha esperança de resgatar Nicholas melhorou e muito o seu humor, tanto que não se sentiu constrangida com as provocações de Penélope.

— Ela deve ter puxado a tia então — sorriu e passou a mão nos cabelos da criança.

Então Devlin viu uma grande mancha branca tomar a frente do vestido de Kathy. Ele não se daria o trabalho de perguntar o que era.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora