Capítulo 5

168 10 19
                                    

Julho de 1850

O verão havia começado e Eloise havia decidido fazer um almoço ao ar livre para aproveitar o clima.

Era um almoço pequeno, com Oliver e sua família e os Brougham.

Georgiana gostava da família Brougham mas não via motivos para incluí-los em almoços mais intimistas, mas não disse nada para sua mãe.

Estava nos jardins terminando de organizar os arranjos florais da mesa quando viu Oliver e a família chegando, com os quadrigêmeos correndo para abraçá-la e mais ao fundo a família Brougham, conversando com Phillip e Eloise.

Georgiana não via Nicholas desde o dia em que ele havia pedido desculpas a ela e não sabia como agir. Decidiu esperar para ver como ele iria tratá-la e responderia na mesma moeda.

"Apenas um par de horas", resmungou Nicholas quando os pais o intimaram para o almoço na propriedade vizinha.

Gostava dos Crane, sua irmã era casada com um deles... Mas Nick realmente não estava no clima para reuniões ou eventos, nunca gostou muito na verdade.

E agora estava ele em Romney Hall para um almoço de domingo com metade dos Crane e ela... sua ex-inimiga linguaruda, a garota Crane. Pelo menos não iria ser de todo ruim.

O pequeno Oliver passa correndo e sem querer arrasta a toalha de mesa, fazendo com que um dos arranjos de flores se espatifassem no chão.

Eloise olha em reprovação para o neto e caminha para perto de Nicholas.

— Não poderia ser mais filho do Oliver, não é mesmo? — comenta tentando esconder um sorriso. — Georgie não vai ficar satisfeita com isso, ela foi tão dedicada nesses arranjos em particular. Bonitos, não acha?

Se ele achava? Bom, Nicholas mal sabia distinguir ervas de flores ou um limoeiro de um laranjeira. Mas ser encarado por Eloise Crane exigia uma um resposta, e uma que fosse no mínimo inteligente.

— Hã, sim. Muito... — encarou a florzinha miúda e branca com pintinhas roxas, reconhecendo-a. — Veneno.

— O que disse? — Eloise indagou confusa.

Nicholas se volta para Eloise, envergonhado. Pensara em voz alta.

— Desculpe, achei que fosse...

— Veneno? — completa ela. Parecia se divertir. — Duvido muito que a minha filha tenha vontade de envenenar a família e os convidados, senhor Brougham.

— Oh, não era isso. Não me entenda mal. — Nicholas sentia as faces esquentarem mais e mais a cada segundo. — Eu só reconheci a planta de um certo livro... Que eu tenho. Ela tem um significado... Algo como um aviso antes de envenenar uma pessoa.

Se sentia um tolo. Estava contando aquelas bobeiras em voz alta para a mãe de Georgie mesmo?

Eloise olha para Nicholas sem entender do que ele estava falando. Parecia com as conversas de Phillip e Georgiana.

— Interessante... Creio que Georgiana adoraria conversar sobre esse livro. Isso se ela já não tiver lido. Ela ama falar sobre botânica e ler também. Puxou o pai nisso.

Phillip estava passando e Eloise o puxa pelo braço para a conversa.

— Phillip, Nicholas também gosta de plantas, não é incrível? Ele estava me falando que essa planta dos arranjos tem veneno, ou uma mensagem de alerta. Mas acredito que não. Georgiana nunca colocaria algo assim na mesa...

— Não é venenosa, Eloise. Esse livro que o senhor leu deve estar errado — responde Phillip convicto.

— N-não foi isso que eu li. — ótimo, agora realmente se sentia um imbecil. Por que foi mencionar o livro? A mão que segurava a bengala, aperta o objeto com mais força. — Era sobre o significado da planta... Não ela em si. Como uma mensagem que ela carrega.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora