Capítulo 16

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Setembro de 1851

O outono havia começado e com ele o baile que sua mãe dava todo ano nessa época.

Tirando Fred, seus irmãos estavam todos ali, para a alegria de sua mãe.

Por ser um baile mais intimista e familiar, as crianças podiam participar e estavam correndo pelos salões de Romney Hall.

Georgiana gostava bastante desse baile, sempre ajudava sua mãe com a decoração e podia roubar pedaços dos doces quando ia na cozinha procurar algum utensílio que estava faltando no salão.

Os convidados começaram a chegar e Georgiana estava junto com seus pais recepcionando cada um deles, até que ouviu Penélope chamando-a e foi em direção à sua irmã, que estava sentada em um sofá, enquanto Lorenzo a abanava com um dos menus da mesa de jantar.

— Você está bem, Penny? — Georgie olhou para a irmã preocupada.

— Georgie, pega meu leque no meu quarto. Eu estou morrendo de calor.

— Mas não está fazendo calor.

— Eu estou com calor. Deve ser da gestação. Por favor.

Georgiana olha para os dois e assente. Lorenzo não iria sair de perto dela, de forma que a função recaiu em suas mãos.

— Claro. Já vou buscar para você.

Georgiana saiu andando em direção à ala familiar e foi ao quarto de Penélope, onde achou um leque em cima da penteadeira.

Desceu correndo as escadas, pulando os últimos degraus. E quando chegou à porta do salão, deu uma escorregada no piso encerado e derrubou o leque no chão.

— Merda — disse baixinho enquanto se abaixava para pegá-lo.

Assim que pôs a mão no leque, viu um par de sapatos se aproximando do objeto e uma risada leve, que a deixou paralisada por alguns segundos.

— Boa noite, srta. Crane.

Pegou o leque com as mãos trêmulas, se levantou do chão, olhou para o alto e viu ele, Nicholas, sorrindo para ela. No mesmo instante sentiu seu coração apertar.

Nicholas estava diferente. Era óbvio que havia cortado o cabelo, mas não era só isso. Era algo no olhar dele, que parecia mais cálido. Parecia que a Irlanda havia feito muito bem para ele. Estava ainda mais bonito e parecia em paz.

Georgiana pensou que isso era terrível. Não gostou do que viu. Se sentia sufocada e com medo de voltar a sentir alguma coisa por ele.

— Sr. Brougham — cumprimentou de forma lacônica e voltou a olhar para o leque.

— Como está? — diz ele sem jeito.

Não sabia o que fazer. Queria se portar como um daqueles cavalheiros jeitosos de Londres. Deveria ajudar ela a se levantar e ficar ereta? Mas não precisou disso, Georgiana se empertigou olhando para o leque em suas mãos.

Pensou que havia superado ele, mas bastou um olhar e voltou a pensar nos beijos trocados, nos sorrisos, nas cartas. Respirou fundo. Ela precisava ficar longe dele. Não gostaria de voltar a ouvir que ele gostava de outra. Não poderia ser iludida por ele novamente, por mais tentada que ficasse.

Seria forte. Só falaria com ele o essencial, por mais vontade que tivesse de contar as novidades, de mostrar as novas publicações, de discutir a política atual. Não poderia. A amizade deles era passado.

— Vejo que não perdeu o jeito de receber visitas.

Ele quase se castigou mentalmente pela piada ruim. Mas foi atingido em cheio pela visão que teve. Georgie vestia um vestido singelo, mas que moldava bem sua figura esbelta e elegante. Estava linda. Mas foram os olhos e a boca cheia que chamaram a atenção de Nicholas. Sua memória era falha, pois nesses meses fora nunca fizeram jus à beleza da garota Crane. Ela era bela, a mulher mais linda que já havia conhecido.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora