Capítulo 21

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Fevereiro de 1852

Nicholas parou na entrada de Romney Hall e encarou a porta. Contou mentalmente de um até dez antes de bater.

Estava nervoso, seu coração batia descompensado, as mãos tremiam... Respira fundo uma última vez antes de ser atendido pelo mordomo e levado até a sala de estar dos Crane.

Os olhos ansiosos procuram Georgiana e encontram a moça lendo em um dos sofás. As pernas esticadas sob o estofado, o rosto escondido atrás de um livro.

Em uma das poltronas estava a outra Crane, cochilando enquanto Eloise fazia um monólogo sobre algo que alguém a escrevera.

Nick não pegou os detalhes do que acontecia no recinto, pois seus olhos iam e voltavam para Georgie.

— Boa tarde, senhoras e senhorita— diz Nicholas, já que ninguém ainda havia notado sua presença.

As três mulheres pulam de seus assentos.

Georgiana abaixa o livro e sorri para Nicholas.

— Boa tarde, Nicholas. Estava lendo o livro que você me deu. É muito bom.

Não consegue disfarçar a felicidade por vê-lo ali. Os dois ficam se encarando e sorrindo sem nenhum pudor até Eloise falar.

— Sr. Brougham, boa tarde, sente-se — diz Eloise sorrindo.

Eloise repara na interação dos dois e percebe que alguma coisa havia mudado nos últimos dias. Ambos sempre estavam trocando olhares apaixonados, mas agora parecia que havia um certo entendimento entre eles, uma reciprocidade que não havia antes. Parecia que sabiam de fato dos sentimentos um do outro.

Nicholas assente e vai se sentar ao lado de Georgie.

— Que bom que gostou. — diz ele e respira fundo. Parecia que o ar não enchia seus pulmões, lhe faltava oxigênio. — Muito bom. Sim, muito bom.

Sua mão vai até o colarinho como que para afrouxar o lenço, mas abaixa logo em seguida ao se lembrar de onde estava.

— E o que estava fazendo? — pergunta indo do rosto de Georgie para o das outras duas mulheres na sala. — Ah, sim. Estava lendo.

Georgie sorri, mas sua expressão era um tanto preocupada.

— Sim, foi o que disse. Está tudo bem?

— Claro, claro. — ele acena freneticamente.

Ficam em silêncio por alguns minutos. Eloise o observava com atenção, a irmã de Georgiana se esforçava para fazer o mesmo, porém suas pálpebras vez ou outra fechavam fazendo o rosto escorregar do pulso que o sustentava.

Olhou para Georgiana mais uma vez e ela mordia o lábio, como que calculando o que dizer.

Ele fica de pé de repente fazendo as três mulheres se assustarem mais uma vez.

— Preciso falar com a srta. Crane, a sós.

Eloise se segura para não soltar uns gritinhos de alívio. Por fim Nicholas havia decidido agir. Estava tão feliz pelos dois que mal conseguia se conter. Se levantou e deu um cutucão em Penélope, que estava quase dormindo no sofá e pediu para que a filha a acompanhasse.

— Mas Nicholas está aqui — disse sonolenta — temos que vigiar os pombinhos.

— Venha logo — sussurrou para Penélope e começou a puxar a filha para fora da sala.

Georgiana olhava tudo aquilo como se não estivesse ali.

Sua mãe estava mais do que satisfeita de deixar a sala. É claro que ela sempre deu alguma liberdade aos dois, mas nada assim, de sair e fechar a porta com um estrondo

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora