Outubro de 1850
Aquela era sua quarta visita à casa dos Crane. Àquela altura todo o vilarejo sabia que estava cortejando Georgiana, sua mãe se encarregara disso com maestria.
Daisy estava radiante com o arranjo. Abordava o filho uma dúzia de vezes ao longo do dia para perguntas e comentários inconvenientes sobre o futuro da relação dos dois. Já havia até lhe dado uma das joias da família — um anel com um diamante enorme ladeado por duas esmeraldas — para que mantenha com ele no bolso do casaco.
"Se você acordar inspirado, não pode fazer o pedido sem um anel à vista", disse Daisy com um sorriso. Nicholas deixava sim a jóia no bolso do casaco, mas curiosamente era o único que ele não gostava de usar.
Quando fosse chegar o momento, ele jamais daria aquele anel espalhafatoso para Georgiana. Teria que ser algo novo e original, algo que combinasse com ela.
Ele balança a cabeça, seus pensamentos já estavam tão adiantados que Nicholas não conseguia evitar uma surpresa.
Tudo mudara tão rapidamente... Ou Nicholas que demorou para perceber. E era essa a verdade.
Sua vida começou a se reordenar pouco mais de uma ano atrás e a principal razão disso estava agora com as mãos enterradas até os pulsos na terra escura do jardim.
O mordomo de Romney Hall lhe avisa que a senhorita Crane estava no jardim, e foi para lá que seguiu. Estranhou um pouco o fato de Eloise não aparecer para acompanhá-lo ou sequer deixar alguma outra recomendação com o empregado.
Ele apenas tinha lhe dito isso.
Ele observou os cabelos castanhos e sedosos de Georgie, que à luz do sol, ficavam com mechas douradas.
Ela se vira, ainda trabalhando na terra, e seus olhos se encontram. Um sorriso largo de abre na boca exuberante que Nicholas tanto apreciava com os olhos, como devorava aos beijos.
Ele sorri de volta, com malícia. Já que estavam só os dois ali, não se importaria se ela lhe sujasse os cabelos com o húmus desde que a tivesse em seus braços.
O pensamento pareceu esquentar o corpo de Nick em meio aquele outono, apressou os passos. Talvez fosse louco, mas a pegaria para um beijo longo bem no meio do dia em frente a casa dos Crane.
Georgiana estava plantando algumas flores próximas a uma Tumbérgia-arbustiva quando viu Nicholas se aproximando com pressa e com um sorriso diabólico nos lábios.
Ela também estava ansiosa para vê-lo, mas não conseguiu entender o motivo dele estar assim, ele geralmente era mais tímido nas suas visitas. Ela se levanta e limpa as mãos no avental e sorri para ele mais uma vez.
— Sr Brougham, que prazer revê-lo.
Nicholas estreita os olhos.
— Sr. Brougham? — pergunta com divertimento — Achei que depois de todos...
Sua fala — por sorte — morre na garganta. Ao lado de Georgie, escondido pela sebe, estava Sir Phillip Crane.
Nick empalidece, estava a ponto de dizer algumas coisas que poderiam resultar em um grande constrangimento, para dizer no mínimo.
— Sir Phillip — faz uma mesura. — Boa tarde. Srta. Crane— se volta para Georgiana tentando fingir que ainda não lhe dirigiu a palavra. — Como vai?
— Senhor Brougham – acena Sir Phillip, sério. Não estava esperando por essa intromissão.
Onde estava Eloise para vigiar esse patife? Pensou Phillip contrariado. Pelo visto teria que interromper suas atividades do dia até que Eloise pudesse tomar conta do rapaz que estava rondando sua filha caçula.
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𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨
FanfictionGeorgiana Crane é a filha solteirona de Eloise e Sir Phillip Crane e vive por suas leituras e seus trabalhos com as plantas de seu pai. Mas, depois que viaja para aprofundar seus conhecimentos sobre botânica, ela acaba descobrindo novos interesses e...