Junho de 1852
Devlin terminou seu chá apenas por educação, não estava com sede e nem tinha fome, assim rejeitou os biscoitos.
Ninguém ali, para falar a verdade, estava no espírito para um típico chá da tarde inglês. Tinha sido apenas mera formalidade.
Georgiana ainda não voltara, tinha se retirado para seu quarto logo após Dev dizer que não tinha notícias de Nicholas. Sua mãe foi com ela. O que restava a Sir Phillip Crane fazer sala para a visita.
Seria constrangedor se Devlin não tivesse tanta coisa em sua cabeça. Quase riu ao lembrar de um comentário de Nick sobre o futuro sogro. Se perguntava se o amigo sabia o quanto eles eram parecidos, pelo menos no comportamento. Os dois homens eram calados, taciturnos e desajeitados para socializar.
Pensar no amigo fazia Dev sentir uma pontada no peito. Era preocupação, culpa, desespero... Queria poder fazer algo a mais. Queria ter uma luz. Uma resposta. Uma explosão de sabedoria que lhe diria o caminho.
Mas não havia nada. Estava rodando em círculos.
Georgiana estava completamente entorpecida. A falta de qualquer informação relevante sobre Nicholas não ajudava em nada.
Não queria ver Devlin, tudo aquilo era culpa dele, pensava revoltada. Se Nicholas não fosse tão leal ao amigo, ele estaria ali, se casando em breve com ela. E agora ela estava só, sem ele e sem nenhuma informação ou expectativa.
Eloise estava deitada com ela na cama, passando a mão nos cabelos de Georgie, tentando dar algum consolo, mas sabia que nesse caso a dor seria inevitável.
Precisava conversar com ela sobre coisas práticas, como o cancelamento do casamento, mas sabia que não era o momento para tal.
— Georgie, eu sei que não é o que você deseja, mas em algum momento terá que conversar com Devlin.
— Por mim ele poderia ir ao inferno. A culpa disso tudo é dele — dizia soluçando, não estava conseguindo conter as lágrimas.
— Querida, ele não parece bem também — diz numa repreensão suave. — Quem sabe conversar com ele não lhe ajude... Talvez ele tenha alguma informação relevante que tenha passado despercebido aos olhos mas que você possa entender.
Georgie funga, mas não se nega.
— Talvez um pouco de privacidade ajude? Vou chamar seu pai, vamos ficar um tempo na estufa.
Conversaria com Phillip, eles tinham que pensar em algo para ajudá-la. Talvez contratar detetives e investigar sobre o sumiço suspeito de Nicholas.
— Não sei como conversar com ele possa ajudar, mesmo a sós. Provavelmente Nich... — ela suspira, não conseguia nem dizer o nome dele sem chorar — ele pode muito bem estar morto mãe.
— Georgie, não seja tão pessimista. Tente conversar com Devlin.
— Vou fazer isso porque você está pedindo, mãe. Não porque acho que vá ajudar de alguma forma.
Devlin já estava pensando em escapar de Romney Hall quando Georgiana apareceu na porta da sala de visitas. Os olhos vermelhos e inchados denunciavam o que ele suspeitava. Ela parecia arrasada. Bom, eles compartilhavam desse sentimento.
— Phillip, querido. Preciso falar com você— diz Eloise surgindo ao lado da filha.
Phillip olha de Dev para Georgie, a ponto de protestar, mas um olhar a mais para a esposa o fez ficar de pé, e com um último aceno para o visitante, saiu.
— Srta. Crane — começa ele — Eu... Eu não sei bem o que dizer.
Georgie se senta de frente para ele, desalentada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨
FanfictionGeorgiana Crane é a filha solteirona de Eloise e Sir Phillip Crane e vive por suas leituras e seus trabalhos com as plantas de seu pai. Mas, depois que viaja para aprofundar seus conhecimentos sobre botânica, ela acaba descobrindo novos interesses e...