Capítulo 18

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Outubro de 1851

Desde o último encontro dos dois, Georgie não conseguia parar de pensar na conversa e nos beijos roubados. Seu pai não tinha gostado muito de saber que ela havia recebido flores do vizinho, mas não conseguiu resistir à raridade da flor e ambos passaram a estudar a planta nos últimos dias. O restante da família... Bom, Penélope estava quase deixando Georgiana maluca querendo saber o que havia entre eles e sua mãe também parecia sedenta por mais informações, que Georgiana não estava muito interessada em fornecer.

Nicholas ainda não tinha ido visitá-la, talvez estivesse esperando alguma permissão dela, que ela acabou deixando implícita na última das muitas cartas que estavam trocando escondidos.

Ela estava sentada na sala de estar com sua mãe e Penélope conversando amenidades quando o mordomo aparece com um cartão de visitas em uma bandeja e entrega para Georgie.

— O Sr. Brougham está aqui para ver a Srta. Crane.

Georgiana sente o coração palpitando e tenta disfarçar um sorriso, sem muito sucesso. Enfim ele havia aparecido. Olha para sua mãe e Penélope e as duas estão olhando para ela com um olhar conspiratório.

— Pode trazer ele aqui na sala de estar mesmo, estaremos aguardando o Sr. Brougham — diz Eloise para o mordomo, ao perceber que a filha está nervosa demais para falar. E assim que ele sai, Penélope abre um sorriso maldoso e Georgiana já sente suas bochechas esquentarem.

Nicholas toma um suspiro buscando coragem antes de adentrar a sala de estar dos Crane. Já estivera ali duas vezes, mas nenhuma delas tinha o mesmo significado que aquela aparição teria. Estava oficialmente iniciando o cortejo à Georgiana. Seguindo todas regras da sociedade inglesa, ali estava ele com um buquê de peônias em uma mão e o chapéu em outra. Ao chegar na sala se depara com ela, a protagonista de todos os seus sonhos, tão bela como Nicholas se lembrava.

Um barulho estrangulado chama sua atenção e ele percebe que não estavam sozinhos. Eloise Crane o observava com um olhar de gavião e Penelope, irmã de Georgie, parecia se esforçar muito para não gargalhar. Maldita! Devia estar roxo àquela altura.

— Boa tarde, senhora Crane. Senhora Thorne. — Por fim, volta a encarar Georgiana — Srta. Crane — Sem se contar, lhe dirige um sorriso — Hã, hum, essas flores são para você — vai até Georgiana lentamente como se suas pernas fossem de chumbo.

Estava tão sem graça de fazer aquilo. Era um grande momento para ele, mas tinha imaginado fazê-lo com um pouco menos de plateia.

Georgiana já tinha imaginado várias vezes como seria quando Nicholas aparecesse para visitá-la levando flores e tudo mais que se espera desse tipo de visita. Tinha imaginado os dois sentados no sofá de mãos dadas, sussurrando um no ouvido do outros, talvez um beijo roubado ou vários, mas nunca, em nenhum momento de seus devaneios, ela imaginou que a situação fosse ser tão constrangedora. Ela estava morrendo de vergonha, de estar ali com sua mãe e sua irmã vigiando cada um dos passos, cada fala dela e de Nicholas. Nunca pensou que seria vigiada dessa forma. É claro que racionalmente ela sabia que assim era a corte, mas uma garota pode sonhar. E ela sonhava muito. E a realidade era péssima em comparação com sua imaginação frenética. Nicholas estava tão constrangido quanto ela. E Penélope não fazia nada para ajudar, fazendo barulhos de quem estava segurando uma gargalhada. Ela elevou a vista para Nicholas que estava um pouco ruborizado. Pobre homem.

Apesar disso, ela não conseguiu deixar de pensar que ele estava maravilhoso, parecia ainda mais lindo que o habitual. Ela sempre pensou que ele ficava irresistível quando ficava tímido. E que estava passando por toda aquela provação por ela. Georgie sentiu um aperto no peito ao pensar nisso. Que ele estava ali, em pé, por ela. Abriu um sorriso e pegou as flores.

𝙊 𝙢𝙞𝙨𝙩é𝙧𝙞𝙤 𝙙𝙤 𝙞𝙣𝙜𝙡ê𝙨Onde histórias criam vida. Descubra agora