Trinta e um

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            - São pra você! _ ele me entregou os presentinhos. As flores eram muito cheirosas.
            - Eu agradeço! Por favor entre.

     Ele se pôs pra dentro e eu fechei a porta.  O homem cumprimentouinhas tias. Malu se ofereceu para colocar minhas lindas flores na água e guardar o chocolate.

         - Ah , claro tia, mas deixe os chocolates.

      Ela riu.
 
        - Tá bom.

        Saiu mas logo voltou sentando-se junto com a gente.

        - Que tal se a gente fosse na rua comprar alguma coisa pra comer? _ tia Soraya falou. _ - É uma ótima ideia. _ - tia Simone concordou e Malu fez o mesmo.

         - Eu tenho que is lá em cima pegar minha bolsa.

      Falei levantando.

       - Não, não, não. Podem ficar aqui, nós não demoramos.

         Yaya pegou no meu braço me fazendo sentar novamente.

           É impressão minha ou elas estão querendo deixar Johnny e eu sozinhos?

           As três mulheres saíram nos deixando para trás. O clima ficou meio tenso eu diria.

           - Então... é... e agora? _ perguntei.
           - Bom. Eu não sei.

      Nós rimos.

          - Você pode me dizer algumas coisas sobre... bom, você sabe. A gente?
          - Claro que posso, vou adorar relembrar, mas antes quero que saiba que  não vim te ver mais vezes porque achei melhor dar um tempo a você. Não sei se fiz certo.
          - Não tem problema. Tá tudo bem.
          - Ótima então.  Bom deixa eu começar.

         Ele pensou um pouco e falou.

       - Você me ensinou a dançar.
       - Não brinca?  Sério? E você aprendeu?
       - Sim, eu me tornei um, como é que vocês falam, é... _ ele franziu o cenho encarando o chão se esforçando para lembrar_ - Pé de valsa‽
       
         Eu ri disso.

         - Você lembra pelo menos que és péssima na cozinha?
         - Ah, eu não sou tão péssima!
         - Ah , você é sim?
         - Bom talvez um pouquinho! _ fiz uma pinça com o dedo indicador e o dedão e Johnny gargalhou. Sua risada me fez rir também.

           - Deixe-me lembrar de algo mais. _ coçou o canto da boca e eu o fitava.
           - Você cantou uma música pra mim uma vez. Lá no Doug.
           - Não creio. _ cobri o rosto com as duas mãos. Certeza que estou corada agora.
           - Sim, é verdade! Foi lindo. Uma música brasileira.  Nunca esquecerei disto. Foi fofo.
           - Tá legal eu com muita vergonha agora!
           - Você fica linda tímida.

        Baixei as mãos devagar e o encarei. Depp me olhava com um sorriso de lado. Isso me deixou mais envergonhada ainda mas não consigo parar de olhá-lo.

          - Thaís, você pode.... pode me dar um abraço?
         
         Sem respondê-lo, apenas me aproximei e o abracei. O contato com o corpo de Johnny foi uma experiência maravilhosa. Ele afundou sua cabeça na curva do meu pescoço me apertou contra si.

        Passamos longos segundos apreciando o abraço um do outro.

      Comecei a dedilhar as costas de Johnny e automação fiz meu nome com o dedo indicador e o que acontece comigo na cozinha hoje mais cedo se repetiu.

       Eu estava com os olhos fechados e cortes de imagem brotaram no meu cérebro. Apertei os olhos e Johnny contra mim me esforçando para lembrar dos fatos.

         - Tá tudo bem Thaís?

     Ele perguntou e eu me saí do abraço.

       - Tá, tá sim eu só... minha cabeça dói.

      - Eu vou ligar pra Simone.
      - Não, não precisa elas já devem está voltando e mesmo assim está passando.

      Johnny me olhou por algum tempo e logo minhas tias chegaram.

        - Oi,oi, trouxemos pizza e vinho , que topa? _ tia Soraya falou animada .
        - A gente topa não é Johnny?
        - Claro.

         Tia Malu teve a ideia de afastarmos o sofá e a mesinha de centro para ficarmos no tapete da sala e assim nos fizemos.

         Johnny sentou do meu lado.

      A pizza foi dividida e o vinho foi servido.

       Todos estavam comendo, bebendo e conversando e novamente as imagens aleatórias surgiram. Dessa vez eu não fiz muito esforço.

       Depp conversava com minhas tias e eu o olhei. De repente arregalei os olhos.

       - Uma ... uma colher.

      Todos pararam e ficaram em silêncio.

       - Uma colher gente.
   
       Repiti.

        - Pra quê você quer uma colher? _ tia Malu perguntou confusa e todos ao redor esperavam uma resposta.

       - Não! _ passei a mão pelos cabelos _ - Eu não quero uma colher.

       Dei um sorriso largo.

     - Eu acordei estressada não tinha ninguém em casa. Me arrumei e fui para o Doug tomar café.... eu deixei... deixei minha colher cair no chão e Johnny _ olhe para ele_ - me devolveu.

         - Querida você... você se lembrou.  - Tia Simone disse feliz.

        Johnny estava com uma lágrima ameaçando cair.

        Encostei na mão dele.

       - Eu lembrei.  Eu lembrei de você Johnny. De tudo. Do julgamento.  Você ganhou.  Lembrei da sua excelentíssima advogada. _ Depp sorriu_ - Eu lembrei de uma coisa que eu não devia ter esquecido.
         - Do quê? _ ele perguntou _ - Que eu te amo.

        Sem esperar nenhuma reação ou resposta dele, atirei um beijo rápido em Johnny que começou a derramar as lágrimas teimosas.

        Fiquei tão feliz por ter finalmente recuperado a memória. O sentimento por Johnny voltou com tudo.

   

       

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