Dez

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A claridade invadiu a sala, já que na noite passada esqueci de fechar as cortinas. Eu estava coberta por um edredom. Não lembro de ter pego um.

Acordo aos poucos esfregando os olhos e vejo Johnny sentado na poltrona me observando.
- Bom dia! - ele diz com um sorriso lindo no rosto.
- Bom dia! - respondo ainda anestesiada pelo sono.

Aos poucos o meu cérebro vai reiniciando e eu vou lembrando da noite passada. Arregalo os olhos encarando o chão quando lembro por completo.
- É... eu preciso... preciso ir ao banheiro. - levanto quase correndo e vou no banheiro da casa. Droga eu devia ter ido pro meu banheiro, assim eu me trancava no quarto e nunca mais sairia de lá.

Encaro-me no espelho.
- Meu Deus..... meu Deus, meu Deus. Com que cara que eu vou sair daqui? Foi o Johnny quem me beijou, mas eu dei continuidade.
- Nós somos amigos, AMIGOS!
- Tá! Eu só vou falar sobre se ele tocar no assunto. É isso... mas o que eu falo?.... calma Thaís, calma.

Respiro fundo, faço minha higiene matinal e saio do banheiro.

Johnny me espera na cozinha com um café da manhã preparado.
- Oi! Você quer tomar café? Eu fiz umas coisinhas pra gente.
- Ah, claro! - cinco meses convivendo juntos e agora que eu vim saber que ele sabe cozinhar e muito bem viu.
- Você tá bem? Pareceu nervosa agora pouco.
- Tô sim. É só impressão sua.
- Ah sim. Também deve ser impressão minha você não ter olhado na minha cara desde que saiu do banheiro. - o olho muito tímida, mas logo desvio o olhar pro meu café.
- Você quer conversar sobre ontem Thaís?
- Conversar o que? - sonsinha né minha filha.
- Você não gostou do... do beijo?- eu tô muito envergonhada pra dizer que sim, mas de maneira alguma posso dizer que não.
- Eu ... gostei.
- Então por que não fala isso olhando pra mim?- eu levanto o olhar até ele e repito a frase.
- Eu gostei sim
- E por que cê tá assim?
- Porque a gente é amigo.
- Idaí? Eu gostei e não me arrependo, nem de ter te beijado, nem de ter dormido abraçadinho com você. E tem mais, eu faria de novo. - meu rosto tá queimando, certeza que eu tô vermelha.
- Não era isso que você queria? - minha timidez vai embora e eu franzo o cenho olhando para Johnny.
- Como você sabe que eu queria isso? Johnny Christopher Depp, você mentiu pra mim falando que não tinha ouvido meu desabafo com aquela garrafa de vinho quando na verdade você ouviu?
- Bom.. eu ... - ele tenta se explicar mas o interrompo.
- É claro que ouviu. - eu não estava totalmente zangada, mas cruzei os braços só pra fazer meu shouwzinho.
- Eu não sei porque você tá surtando. - Johnny da a volta na bancada da cozinha e senta em uma das cadeiras ao meu e continua.
- Eu ouvi sim e fiquei muito lisonjeado ao saber que a senhorita é doidinha por mim. - ele me arranca um sorriso. - Depois que eu soube dos seus sentimentos por mim eu me dei conta que os meus eram parecidos.

Vocês sabem o que isso significa né? Johnny também gosta de mim.

Ele complementa:
- Eu não falei nada ontem porque não queria te deixar constrangida.
- Ah então você deixou pra fazer isso hoje.
- Anrrammm.
- Ontem seria melhor porque eu tava bêbada. - ele da uma risadinha nasal.

A gente terminou de tomar café em silêncio, nem uma palavra foi dada, mas uma curiosidade não me deixa sair dali sem fazer a seguinte pergunta:
- E agora?
- O quê? - Johnny pergunta.
- A gente vai fingir que nada aconteceu, vamos esquecer ou... - ele me interrompe.
- Thaís, você sabe que eu...
- Que você não quer um relacionamento agora. Sim eu sei, não se preocupe Johnny, eu também não.
- Olha não é nem que eu não queira , eu não consigo.
- Tá tudo bem, eu entendo. A gente esquece o ocorrido.
- Ou podemos ter o que chamam por aí de amizade colorida. - Johnny completa minha frase.
- AMIGOS que se pegam de vez em quando?
- Sim! Se você quiser é claro. - Johnny sorri safadamente safado.

Eu desço da cadeira com um pulinho, mas antes que eu possa ir até meu quarto, Johnny segura meu braço.
- Ei... - eu viro de frente pra ele.
- E sobre a Camille, ela é uma mulher muito bonita , mas não rola tá. Ela é minha amiga e advogada. De verdade. - eu dou um sorriso tímido, sem mostrar os dentes. Ele me puxa e dá um beijo no meu rosto e eu saio. Isso foi muito fofo gente.

No meu quarto eu sento na cama igual uma bobona lembrando o beijo. E que beijo meus amigos.


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