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Pov Enid

Os castanhos de minha melhor amiga brilhavam e ela prestava total atenção em cada detalhe que eu contava. De vez e nunca, distraindo-se para roubar um biscoito do prato na escrivaninha e mergulha-lo em seu copo com leite.

Eu adorava as tardes que passava em sua casa, deitada junto a si em sua cama, conversando sobre tudo e todos. Era algo somente nosso, um momento de confidência e sussurros cúmplices.

- Ela me convidou para dançar consigo e foi maravilhoso! Eu senti como se estivesse indo ao céu! -aleguei, contando sobre a noite de ação de graças. Todas as vezes que me lembrava, pegava-me com a respiração curto e um arrepiou bom por minha espinha.

- Isto foi tão romântico! Que insano pensar que eu vou ser cunhada da duquesa de Nevermore! -disse em tom divertido, meio esnobe, e eu ri gostosamente com a mesma.

- Eu quase pude sentir seu toque, Yo! -suspirei perdidamente, com um sorriso saudoso. Willa me enlouquecia mesma distante.

- Como assim? -o tom desconfiado me puxou de volta a realidade e eu, enfim, me dei conta do que havia dito- Enid, vai me dizer o real motivo pelo qual não pode tocar em Wednesday? -pediu impaciente. Eu havia lhe informado sobre a regra do toque, contudo, nunca sobre a razão de sua rigidez.

Eu não queria mentir para Tanaka, no entanto, não sabia se deveria revelar um segredo que não era meu. Eu estava dividida, mas cedi, porque confiava em minha melhor amiga.

- Tem que me prometer que nunca vai contar isto para ninguém! -implorei, lhe assustando, e ela piscou repetidas vezes.

- Eu prometo! -levantou seu mindinho e eu entrelacei com o meu.

Inspirei profundamente, criando coragem, e encarei o fundo de suas íris.

- Yoko, o toque de Wednesday é mortal! -fui direta e a garota a minha frente franziu o cenho, evidentemente confusa- tudo que usufrui de oxigênio morre quando ela o toca -complementei, todavia, a Tanaka negou descrente.

- Isso é impossível Nid! -murmurou, parecendo pensar sobre.

- O avô de Wednesday a amaldiçoou, antes mesmo de nascer! Isto é real Yo! Eu vi com meus próprios azuis! -jurei, segurando firme suas mãos.

- Por Nevermor! Ela podia ter te matado, sem intenção, durante a dança! Durante vários momentos! -exclamou afobada, se afastando de mim.

- A duquesa tem cuidado absoluto quando está perto de mim Yo! Confie no que digo! -sentenciei, tentando afastar sua preocupação.

- Não quero lhe perder Nid! -chiou com seus olhos repletos de lágrimas e eu a puxei para um abraço forte.

- Não perturbe seu coração com isso, Wendy não vai me matar! -clamei, acariciando os fios longos de minha querida amiga e irmã por consideração.

- Ela realmente não vai! Porque, antes que faça isso, eu vou a matar! -a voz pesada de Ajax soou e a porta do quarto, antes encostada, abriu-se por completo.

- Você ouviu nossa conversa? Qual o seu problema? -Yoko bradou, irritada com a atitude do irmão, contudo, o outro a ignorou.

- Deixe-a imediatamente Enid! Eu não vou te perder por conta dela! -ordenou e eu ria amarga com sua prepotência.

- Quem você pensa que é para mandar em mim? Desdenhou do meu caráter e agora acha que tem o direito de impor suas vontades sobre mim? -rosnei incrédula, enquanto o mesmo tentava se aproximar.

- Estou tentando te proteger Nid! Você nunca deveria ter aceitado aquele emprego, para princípio de conversa! -bufou e eu o empurrei, lhe afastando o suficiente para depositar em tapa ardido em sua face.

- Você não faz mais parte da minha vida Ajax! Foi uma escolha sua no dia em que decidiu colocar seu orgulho ferido acima de nossa amizade! Então, não ouse interferir em minha opinião ou relação com Wednesday! Ou em meus assuntos com Yoko! -findei, realmente brava com o maior, que permanecia paralisado.

- Se retire Ajax, por favor! -sua irmã concluiu, apontando para a saída e o mesmo me fitou de modo sombrio, por fim, abandonando o cômodo- eu sinto muito por isso! -Yo suspirou, fechando a porta e eu me lancei em seus braços, com o peito dolorido.

- Acha mesmo que ela vai a machucar? -indaguei com medo, tremendo ao imaginar a hipótese do rapaz realmente tomar uma atitude imprudente.

- Eu espero que ele ouça a razão! -concluiu esperançosa, permitindo que o silêncio desconfortável preenchesse o ambiente, destruindo a áurea alegre de antes.

Sweet TouchOnde histórias criam vida. Descubra agora