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Pov Enid

As pesadas cortinas, de fios nobres e tom avermelhado, ao se fecharem, indicaram o fim do lindo concerto que papa fazia, naquela véspera de natal.

A salva de palmas intensas era merecida, afinal, sua apresentação havia sido maravilhosa, emocionante, e acolhedora. Eu amava ouvi-lo tocar.

O suspiro um tanto cansado e contido de minha duquesa, atraiu minha atenção, e ela estava com uma sutil expressão de dor.

- Qual a cor? -questionei preocupada, abraçando seu braço e descansando minha bochecha sobre seu ombro.

- Verde -forçou um sorriso, que eu sabia não ser honesto.

Fazia cerca de dois dias desde o ocorrido na The Crow. Apollo sobreviveu e estava internado no hospital de Nevermore, depois de passar por uma exaustiva cirurgia.

Quando acordou, parecia ser outra pessoa, carregando o amargo remorso de seus atos, e implorando pelo perdão da família. Mesmo concedendo uma segunda chance ao homem, a relação entre o patriota e os demais ainda era fraca e distante, mas ao menos, respeitosa.

Em adição, o ferimento na perna de Wednesday havia sido profundo, de modo que a monarca levou pontos, precisando do auxílio de uma bengala para andar.

Seu movimento não seria prejudicado e, com o passar do tempo, voltaria ao normal. Contudo, ela ainda sentia um desconforto e ele aumentava em temperaturas frias, como naquela noite.

Por este motivo, criamos um simples esquema de cores.

Momentos vermelhos, eram aqueles em que sua dor podia ser tão alta, de modo que lhe causava febre e ela sentia como se sua coxa estivesse sendo rasgada por dentro. Normalmente, eu era a única pessoa que a nobre permitia aproximação, durante um vermelho.

Amarelo, era quando o ferimento ardia ou queimava, mas era suportável. Ela inspirava fundo e se acalmava, conseguindo se esquecer da sensação, algumas vezes.

Os verdes indicavam seu pleno bem-estar e aliviavam meu peito, que constantemente se aflingia com o sofrimento, às vezes mudo, da teimosa monarca. Como naquele momento.

- Não minta para mim -pedi mansamente, esperando por sua sinceridade.

- Amarelo, desde o meio do concerto -admitiu desconcertada e eu enlacei nossos dedos.

- Meu amor, por que não me avisou? Eu teria lhe medicado! -repreendi com carinho, acariciando seu dorso com meu polegar.

- Você estava apreciando a orquestra e eu estava apreciando você, não queria interromper isto! -revelou e eu dei um sorriso pequeno e apaixonado.

- Acho melhor irmos embora -sugeri, lhe estendendo o médio mastro de maneira escura, com o punho de ouro.

- Não! Eu quero felicitar meu sogro! E depois, quero lhe levar em um lugar! -rogou com expectativa e um brilho doce em seus olhos.

Eu comprimi os lábios, não concordando internamente, mas cedi o pedido.

Quando encontramos papai, ele estava com Julie e os Addams, conversando animadamente e sendo parabenizado, com direito a tapinhas nas costas da parte de Gomez.

- Foi um majestoso espetáculo, meu sogro! -minha namorada exclamou com um grande sorriso e meu pai lhe deu um abraço carinhoso.

- Obrigado! Minha nora querida! -agradeceu e eu sorri com a interação dos dois, satisfeita demais por saber que eles se davam tão bem.

- Enid, vocês vão permanecer para a celebração? -Morticia perguntou, se referindo a festa pós-concerto.

- Não sogra, Willa não se sente muito bem -expliquei e todos fitaram Wednesday, que somente negou, demonstrando que iria se recuperar.

Sweet TouchOnde histórias criam vida. Descubra agora