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Pov Enid

O orgulho que eu sentia naquele momento não cabia em meu peito, tamanha era a satisfação de contemplar aqueles incontáveis sorrisos largos e gargalhadas contagiantes. Todavia, acima de tudo, Wednesday era a razão principal, que motivava aquele sentimento.

De modo inesperado, ou nem tanto, Yoko principiou um namoro com Divina, uma boa garota com quem eu havia estudado enquanto cursava um semestre de medicina. A Tanaka gostava dela naquela época, contudo, nunca soube como se declarar.

Quase não acreditei quando, anos depois, minha melhor amiga a reencontrou, criando o relacionamento que sempre sonhou com a loira.

Divina atuava como neurologista, em um grande e renomado hospital de Nevermore, cuidando mais especificamente de uma área especializada no tratamento de crianças com câncer. Ela, sem quaisquer intenções, me contou que neste ano não haveria um baile de natal para os pequenos, por falta de patrocínio, em adição o desinteresse, e eu fiquei indignada.

Quando comentei com minha duquesa sobre, a mesma abraçou a causa de uma maneira admiravel. Imediatamente se prontificou a investir no evento, inclusive, comprando milhares de brinquedos que deveriam ser entregues na manhã do dia vinte e cinco.

Seu coração generoso e determinado era o que me orgulhava muito naquela noite.

Eu sorri grande, observando sua interação com as crianças. Os menores buscavam pela atenção da nobre, que estava mais do que disposta a conceder a eles.

Seus castanhos se desviaram por um momento, se encontrando com meus azuis, e eu ri gostosamente, implicando consigo. A pedido dos mais novos, Wednesday estava vestida de Rudolph, o que era muito fofo!

A mais velha retribuiu, pedindo licença para, então, seguir em minha direção.

- Se divertindo, senhorita Sinclair? -indagou com humor, depositando suas palmas em minha cintura, enquanto eu soprepus seus braços com os meus.

- Para ser sincera, sim! Me desculpe! -sorri culpada, tocando a ponta de meu indicador na bolinha vermelha pintada em seu nariz.

Suspirei fraca ao notar o brilho tão carinhoso presente nos castanhos escuros, era como uma galáxia preenchida por milhares das mais belas estrelas.

- Obrigada por frustrar seus planos por mim, e por eles! -sussurrei, ciente de que Wednesday havia recusado o convite para a celebração natalina real de Godric, proposto pelo visconde daquela província.

A monarca não havia me contado sobre, contudo, eu acompanhava as notícias, sabendo que os dois eventos iriam coincidir no mesmo dia e horário.

- Enid, não existe nada que eu prefire fazer, do que frustrar meus planos por você, e por eles! -findou, fitando as criança.

Eu examinei seu perfil e meu coração bombeou descompensado contra a caixa torácica. Minha duquesinha era tão preciosa!

- Eu te amo Wednesday! Amo muito! -aleguei, a pegando de surpresa, todavia, recebi seu grande sorriso como resposta.

- Eu também te amo Nid! Amo muito! -me copiou, roubando meu riso.

Fomos interrompidas por alguns murmúrios um tanto irritados, vindos da entrada do salão. Trocamos um olhar rápido e seguimos para checar o que acontecia.

- Tudo bem? -eu perguntei, próxima de Yoko, Divina e Tyler.

- A imprensa está em peso do lado de fora, pedindo por alguns posicionamentos de sua duquesa -Yo explicou desconcertada e o suspiro pesado de Wednesday foi ouvido.

- Vossa Graça, eu posso dispensa-los! -Galpin sugeriu mansamente, no entanto, a menor negou.

- Eu vou enfrentar isto, mas obrigada Tyler -concluiu e o mesmo concordou, evidentemente a contra gosto.

- Wendy, você tem certeza disto? -questionei preocupada, querendo manter seu bem-estar.

A mídia sempre esteve presente na vida de Wednesday, contudo, desde que regressamos de viagem, tem se mostrado mais abusiva em certos aspectos, invadindo a privacidade da nobre descaradamente.

- Desde que fique ao meu lado -rogou, estendendo-me sua mão e eu inspirei fundo, aceitando.

Nossos dedos foram entrelaçados e nenhuma outra palavra foi proferida. No instante seguindo, ultrapassavamos as enormes portas do local, recebendo flashes e uma multidão de gente.

Xavier e Tyler estavam ali, garantindo que existiria um espaço seguro entre os repórteres e a nobre. Sua postura, antes relaxada, agora era formal e intimidante, mesmo com a fantasia da rena.

- Vossa Excelência? Existe realmente um romance entre você e a senhorita Sinclair? Poderia confirmar ou desmentir o boato? -um rapaz magro, de cabelos ondulados, apontou seu microfone em nossa direção.

A nobre procurou por minha permissão, afinal, nunca havíamos conversado muito sobre nos expor a mídia. Eu consenti, tentando a encorajar.

- Sim, Enid Sinclair e eu estamos em um relacionamento! -declarou com gosto, subindo sua mão direita para revelar a aliança.

Um alvoroço histérico se formou e perguntas eram lançadas uma seguida da outra. Eram tantas que Wendy mal terminava de responder uma e engatava na seguinte.

Foram cerca de meia hora naquela situação afobada, até que a boa vontade de Willa se encerrasse.

- Eu gostaria de concluir, discutindo sobre uma pauta que nenhum de vocês falou muito sobre -resmungou, fechando os punhos. Eu sabia que por dentro ela estava esgotada e irritada, então, segurei sua mão, tentando faze-la relaxar.

Pareceu funcionar, pois a mais velha suspirou pesadamente, se acalmando com meu toque.

- Existem doces, preciosas, e gentis crianças que, infelizmente, são obrigadas a enfrentar uma batalha injusta, chamada câncer! Uma enfermidade maldita, que rouba a vida de tantas pessoas ao redor do mundo! -principiou, molhando os lábios para continuar- elas necessitam de suporte, em muitos sentidos! Dentro de um abraço reconfortante, por exemplo, ou em uma boa aposta de corrida! Mas não deste incoveniente! De milhares de pessoas infortunando um evento destinado a elas! -afirmou com mansidão, contudo, sem perder a postura rígida.

Grande parte dos presentes abaixou o cenho, parecendo desconfortaveis ou arrependidos em certos aspectos.

- Eu vou lhes dar a chance de se redimir, escrevendo artigos incentivando a doação para esta área da medicina! Informando sobre como é importante cuidar dos pequeninos! Porque eu não preciso dos holofotes da imprensa, mas eles sim! -encerrou, dando as costas para os demais, e me guiando para o lado se dentro.

- Como se sente? -minha voz soou apreensiva e eu acariciei suas bochechas, recebendo um beijo em minha palma.

- Muito bem! -afirmou, me transmitindo honestidade- eu comprei oitenta por cento das ações do hospital -revelou e eu pisquei seguidas vezes, tentando raciocinar.

- Não sabia que tinha interesse em possuir, ou administrar, uma instituição como esta -comentei confusa, enquanto a outra comprimia levemente os lábios.

- E não tenho! Eu passei tudo para o seu nome! -deu de ombros, como se não fosse nada demais.

- Você fez o que? Por Nevermor! Wednesday! Por que? -indaguei afobada, com falta de ar, não conseguindo processar suas palavras.

- Porque, mon amour, eu vou lhe convencer a concluir a sua tão sonhada faculdade de medicina e você vai ter um lugar para chamar de seu, para fazer o que mais ama, afinal, não existe, na província de Nevermore, uma pessoa com mais entusiasmo em cuidar dos outros, do que você! -sentenciou com ternura e eu funguei emocionada.

Não consegui reagir, então, somente deixei que ela secasse minha face, me trazendo para dentro de seu abraço protetor. Nosso relacionamento oficial nasceu faz poucos dias, todavia, a forma como apoiavamos os sonhos e planos uma de outra, como se fossem nossos próprios, e o carinho, em adição o cuidado, tornava nosso recente namoro, uma coisa preciosa que parecia ter vários anos.

Sweet TouchOnde histórias criam vida. Descubra agora