Pov Wednesday
Suspirei um tanto cansada, descendo as escadas preguiçosamente, contudo, satisfeita em saber que minha menina estava esperando por mim. Como de costume, minha echarpe estava sobre o ombro e eu ansiava o momento de senti-la dando o laço.
Abri um grande sorriso, querendo demonstrar para a maior o quão contente eu estava em ir a feira de Nevermore consigo, todavia, ele morreu quando adentrei a sala de jantar.
- Avô? -sussurrei descrente, observando o mesmo sentado na ponta da mesa farta. Ao seu redor, estava minha família, todos parecendo desconfortaveis.
No entanto, a única pessoa, com quem realmente me preocupei, foi Enid. Ela estava de pé ao lado do meu avô, com uma expressão tensa e assustada, sem desviar o olhar para mim.
- O que faz aqui? -rosnei na defensiva, dando passos largos em direção a minha garota de fios dourados, e abraçando-a. Queria transmitir segurança para ela.
- A convivência com a escória lhe fez perder os seus bons modos Wednesday? -indagou com ironia, sabendo como me fazer perder a paciência.
- Não os chame assim! -ordenei, sem me abalar, e ele concordou com sarcasmo.
Desviei minha concentração para Enid, me certificando de que ela estava bem. O mais velho fitou aquilo com desgosto, negando com evidente desaprovação.
- Eu tenho acompanhado artigos sobre seu suposto romance com esta plebeia desde o princípio do ano e, honestamente, passou-se a hora de encerar este erro cômico! -sentenciou friamente e eu fechei ainda mais o cenho, contudo, antes que me pronunciasse, a mais nova fez primeiro.
- Quanta prepotência da sua parte, pensar que pode entrar na vida de Wednesday e ditar como ela deve agir, ou com quem deve se relacionar! -cuspiu surpreendendo a todos, menos a mim, que dei um sorriso orgulhoso para minha Enid.
- Quem você pensa ser para me enfrentar assim? Sua imunda! -meu avô bateu seu punho contra a mesa, a encarando com ódio e se levantando.
- Ela é a pessoa que eu amo! E comece a medir suas palavras para se referir a ela! -urrei ferozmente, recebendo sua atenção.
- Me custa acreditar que uma pessoa como ela conseguiu quebrar sua maldição! -bufou descontente e eu pisquei seguidas vezes, meio confusa.
- O que quis dizer com isso? Você sabia como quebrar a maldição? -a voz de mamãe soou pela primeira vez, questionando-o fracamente.
- Por Nevermor! Obviamente sabia! Eu só nunca acreditei que qualquer um teria coragem o suficiente para continuar perto desta anomalia a ponto de se apaixonar! -resmungou e eu engoli a resposta a seco.
Todos, evidentemente, estavam escandalizados, com o quão cruel o mesmo podia ser.
- Você é o homem mais desprezível que conheci em toda a minha vida! -Enid o ofendeu raivosa, com um resto de coragem existente.
- Estou farto de você! Camponesa irritante! -arfou com olhos furiosos- Luther! Leve-a para longe deste lugar! -intimou e seu fiel segurança se dispôs a obedecer.
- Toque nela e eu mato você com minhas próprias mãos! -ameacei, me colocando a frente de Enid.
O mesmo franziu a face, sacando uma pistola automática e apontando para minha testa, demonstrando ser leal, somente, ao meu avô. Senti Enid tremer em meus braços, contudo, eu não me intimide, permaneci com uma postura fria perante tudo.
Eu não iria permitir que qualquer um encostasse em Enid Sinclair, nem que me custasse a vida.
Como um gatilho, Tyler apontou uma arma para Luther, assim como papai, que tomou a espada presa na parede, em posição de ataque.
- Se ferir minhas filhas, eu vou te levar ao inferno e te torturar, de modo que vai implorar para morrer! -minha mãe advertiu, com uma postura calculista.
Apollo II observou toda a cena com descrença. Era a primeira vez que nos erguiamos deste modo contra ele.
- Wendy, eu realmente não quero que ninguém se machuque! Eu vou para a minha casa, me desculpe! -Sinclair sussurrou para mim, se afastando, de modo tão veloz, que não consegui reagir.
- Enid! -chamei, pronta para ir em sua busca, entretanto, meu avô entrou em minha frente.
- Deixe-a ir Wednesday! -sentenciou e eu trinquei meu maxilar, sentindo o toque de mamãe sobre meu ombro.
- Você fez do começo do meu relacionamento um martírio papai! Não vou permitir que interfira no relacionamento de Wednesday! Então, seu velho ignorante, abra sua mente para aceitar nossas decisões ou saia de nosso caminho! -a mais velha gritou com pulmões cheios, deixando um tapa em seu rosto, assustando meu avô.
Sua respiração se tornou ainda mais pesada e um silêncio profundo pairou sobre o cômodo.
- Escolha Wednesday! Aquela plebeia, ou o seu título! -deu um ultimato e eu sorri em diversão.
- Que se dane o meu título! -dei de ombros, desviando do mesmo e correndo atrás de Enid.
Quando cheguei ao hall de entrada, lhe avistei perto dos portões, andando apressada e um tanto encolhida.
- Nid! -clamei alto, indo em sua direção.
A mais nova me encarou confusa, com seus lindos azuis cheios de gotas, e eu lacei sua cintura, a apertando em um abraço.
- Willa, seu avô vai ficar ainda mais irritado! E as consequências vão cair sobre você! -choramingou afobada, deverás preocupada.
- Eu o abdiquei Nid! Abdiquei meu título por você! Todo o laço formal que eu possuía com aquele homem acabou de ser cortado! Porque a consideração nunca existiu! -expliquei mansamente, secando suas bochechas.
- O que quer dizer? -perguntou um tanto desordenada.
- Que eu, provavelmente, vou deixar de ser a sua duquesa e passar a ser apenas a sua Wednesday -sussurrei com nossas testas encostadas. Uma pequena parte de mim doeu quando disse aquilo em alta voz, contudo, não estava arrependida.
- Não! Eu não queria isso! Por que fez isso? -indagou inconsolável, tentando se afastar, todavia, lhe segurei mais forte- me desculpe Wendy! Eu sinto muito por te obrigar a fazer isso! -desabou em meus braços e eu acariciei seus fios dourados.
- Isto não importa meu amor, eu te escolhi! E nunca vou me lamentar por ter feito -conclui com um sorriso gentil.
- Eu te amo Wednesday! -fungou baixo, agarrada em meu corpo, como se precisasse de mim para sobreviver.
- Enid? -chamei baixo e ela murmurou- viaja comigo! -sugeri, recebendo uma expressão desconfiada.
- Neste caos? -perguntou baixo, em um riso fraco, e eu concordei.
- Exatamente! Eu quero fugir disto com você! E estar em paz, com você! E que se danem as consequências! Eu só quero você! -afirmei com o peito cheio, sendo puxada para um beijo longo.
Suas lágrimas se misturaram com seu gosto e eu acariciei sua bochecha com ternura, ansiando que meu ar durasse o máximo possível.
- Vou para qualquer lugar com você! -ela retrucou quando nos afastamos, ofegantes, dando o laço em minha echarpe com carinho. Eu sorri grande e apaixonada, por fim, selando nossos lábios novamente.
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Sweet Touch
FanfictionA determinação, em adjunto de sua curiosidade, impulsionavam a menina Sinclair a desvendar o profundo segredo que envolvia a dona dos castanhos mais escuros que vira em vida. Enid não deveria se auto desafiar, em prol de um perigo aparente, contudo...