Dezesseis - Se for com você, não vejo razões para desistir

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Depois de uma semana inteira na casa dos pais, fingindo sorrisos e tranquilidade, ao mesmo tempo tentando a todo custo não atender às chamadas de Daehyun – que insistia em ligar a cada meia hora –, Youngjae estava voltando para Seul; Dalhee o acompanhava na poltrona do lado. O pedido do jantar havia feito com que se aproximassem e o rapaz tentava tornar a situação o mais confortável possível.

— Você pretende cozinhar ou vamos comer fora? — Indagou ela, olhando diretamente em seus olhos. O sorriso mal cabia em seu pequeno e delicado rosto, acentuando a felicidade incontida.

— Vou tentar fazer alguma coisa. Espero que te agrade. — Segurou a mão dela, que estava apoiada no próprio colo, e levou até os lábios, dando um leve beijo no centro. Mesmo o seu coração apertando cada vez que demostrava afeto exagerado por Dalhee, não conseguia evitar. Mesmo quando Daehyun aparecia em seus pensamentos, sorrindo ou se declarando, não conseguia evitar. Era aquilo ou ser a decepção da família. — Eu te levo até em casa e nos encontramos mais à noite. Pode ser?

— Meu bem, qualquer coisa feita por você e em qualquer horário está ótimo. — Apertou os dedos ao redor da mão trêmula de Youngjae e sorriu reconfortante, mandando uma piscadela disfarçada. Ela desconfiava de que alguma coisa acontecia, mas estava fora de sua compreensão o que era. E não queria perguntar também, com medo da resposta.

...

— Isso está magnífico. — Elogiou Dallhee, fechando os olhos enquanto mastigava. Youngjae não pôde conter o impulso de observar os lábios finos projetarem um leve biquinho para fora, em um ato fofo impensado. Ele não pôde conter o impulso de compará-los com os lábios grossos (e beijáveis) de Daehyun. Ele não pôde conter a feição de decepção quando lembrou que estava com ela e não com o vizinho.

Seu telefone tocou em cima da mesa e, como em um filme clichê romântico, quem aparecia na tela era em quem ele estava pensando. Pigarreando, apertou o botão para rejeitar a chamada.

— Estou feliz que você esteja aqui. — Comentou Youngjae, cortando o frango grelhado cuidadosamente.

— Estou feliz que estejamos aqui. — Reforçou ela, limpando a boca com o guardanapo e sorrindo em seguida. Os dentes pequenos e brancos alinhados em uma perfeita linha. — Agora menos papo e mais comida, por favor.

— Seu pedido é uma ordem!

...

O celular de Youngjae tocou novamente, pela quinta vez, com a foto de Darhyun sorridente na tela. Suspirou profundamente, desligando-o de vez.

— Está tudo bem? — Questionou Dalhee, tomando mais um gole do suco de uva. Mesmo ela tendo comprado um vinho extremamente caro para comemorarem a "reencarnação da amizade", voltou atrás quando o rapaz contou-lhe a trágica história de quando foi embebedado.

Balançando a cabeça para os lados e descansando os talheres no prato, Youngjae olhou fixamente para a moça:

— São só... Problemas do trabalho.

Com a mão pequena, atravessou toda a mesa, desviando agilmente dos obstáculos. Chegou até a dele, apertando-a com certa força, obrigando-o a mirar os olhos questionadores dela.

— Eu quis dizer com você. Está tudo bem, Youngjae?

— Se eu falar que "sim" estarei mentindo descaradamente. Se eu falar que "não" seria um hipócrita de primeira.

— Meio termo, então. — Ela sorriu reconfortante, deixando a comida de lado também. — Não sei o que está acontecendo na sua vida para deixá-lo tão agitado, mas se quiser conversar ou precisa de ajuda...

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