Dezessete - Celular! A tecnologia da perdição

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E o casamento? Como estão os preparativos? — Perguntou Youngjae sem muito interesse de verdade. Só estava querendo desviar do foco "Daehyun" por uns minutos.

— Vai ser perfeito! Na entrada... — A voz das pessoas sentadas á mesa foram sumindo aos poucos, a imagem dos parentes debatendo sobre o assunto animados foi se enevoando bem em frente aos seus olhos. Até ser pego desprevenido:

— E a Dalhee, meu filho?

Afrouxando a gola da camiseta, Youngjae engoliu em seco diante da pergunta do seu pai. Se indagava o mesmo: e a DalHee? O que tinha com ela? O que tinha ela?

— Vocês ficam lindos juntos.

— Ficamos? — Remexeu a colher na sopa, de um lado para o outro, abaixando-se um pouco mais na cadeira. — Eu não sei. Acabamos de nos reencontrar. É desnecessário apressar as coisas. Eu não estou tão desesperado assim.

— O quê!? Yoo Youngjae, até três meses atrás você não falava de outra coisa — Youngsan endireitou a coluna, tão espantado quanto os outros, e afinou a voz:

— "Não vejo a hora de ir a Seul. Eu sei que lá encontrarei quem procuro". "A mulher da minha vida mora em Seul, o que ainda faço aqui?". "Casarei antes de você, irmãozinho".

Sem saber o que responder, com a boca meia aberta e os olhos espantosamente arregalados, encarou a todos devagar.

— Você realmente parecia desesperado. O que mudou? — Sua tia parecia a mais desconfiada, cruzando os curtos braços e fechando a expressão.

— Mu-Mudou? Na-Nada mudou. Continuo querendo casar. — Deixou a resposta vaga de propósito. "Mentir é pecado, eu sei" murmurou em pensamento para Deus, "Mas eles não cooperam". — Um dia, quem sabe.

— Um dia?! Quem sabe!? Youngjae, eu não te reconheço mais.

— Continuo o mesmo, pessoal. É que as coisas na "cidade grande" são... Diferentes.

— Seul te modificou muito, meu filho. — Sua mãe levantou e foi até a cozinha, mortificada. Saborearam a sobremesa e cada um foi para seu quarto em silêncio, impressionados demais para sequer tocarem novamente no assunto.

...

Observando o teto enquanto esperava seu advogado atender, Youngjae se arrependia lentamente de suas escolhas. Se entrasse com uma ação contra sua chefe, perderia o emprego e isso não era o que queria para sua vida. Não no momento.

— Boa noite, Senhor Yoo. — O homem de voz cansada saudou-o; sem esperar uma resposta, fez o relatório: — O caso foi encaminhado para a Justiça. Amanhã de manhã a notícia chegará a sua empresa.

— O-Obrigado, Senhor Shin. Os outros já foram avisados? — Ele se referia aos contatos que Saehan o passara, depois do jantar que tiveram. Eram os ex-funcionários da Report Internacional que também sofreram abusos (de todos os tipos) de Hyunjae. Foram semanas interrogando e coletando informações de todas as vítimas, finalmente conseguindo provas para confrontar aquela mulher.

— Ainda não. Ligarei para todos assim que sair daqui.

— Obrigado novamente. Tenha uma boa noite.

E a vida de Youngjae parecia descer a ladeira mais uma vez.

...

— Youngjae... — O nome fora chamado em um sussurro sôfrego e pesaroso. O rapaz sentiu a cama afundar ao seu lado e o perfume marcante de Youngwon entregou quem era a companhia. — Está acordado?

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