Dezoito - Mugunghwa, a flor da Coréia

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Youngjae bateu na porta de número 869 com pressa e esta fora aberta com a mesma velocidade. Daehyun apareceu em sua frente sorridente, mal disfarçando a excitação por vê-lo finalmente; com uma esticada de braço o puxou para dentro e os trancou.

— Você compreende o quanto senti a sua falta? — Sussurrou sincero, confessando tudo o que sofrera em poucas palavras. Deu uma batidinha no nariz do moreno, mexendo os lábios para cantar quase sem emitir som: — Com cada beijo e cada abraço, você me faz ficar apaixonado. E agora eu sei que não posso ser o único...

As bocas se juntaram calmamente, saboreando o gosto alheio; as línguas passeavam e brincavam uma com a outra; os dedos ágeis despenteavam os fios escuros e deixavam o beijo muito mais íntimo. Nenhum pensamento passava em suas mentes, apenas o desejo de continuarem daquele jeito por horas. Separam-se de súbito, ofegantes e desorientados.

— Sempre tão... Surpreendente! — Admitiu Youngjae não escondendo o rosto corado. Não pôde evitar de lembrar do beijo que há poucos minutos havia dado em Dalhee... Tão oposto do caloroso e cheio de sentimentos que trocara com Daehyun. Como, afinal, poderia comparar duas coisas tão distintas? Uma relação envolvia interesses e a outra, afeição.

O aspirante a cantor levou o outro até o sofá, local onde se dedicaram a apenas olhares admirados. Sem toques ou contato; Youngjae mirava suas orbes escuras no fundo das orbes escuras de Daehyun. Uma conversa sem necessidade de palavras que foi cortada pelo apito do forno.

— O frango ficou pronto. — Um pouco constrangido, Yoo ajudou-o a arrumar a mesa e se sentaram para um jantar tranquilo.

— Você me chamou porque queria falar algo, não é? — Indagou o economista, engolindo uma generosa quantidade de frango agridoce e queijo. Não evitou um gemidinho de satisfação. Jung parou o que estava fazendo – mastigando – e encarou Youngjae fixamente, sentindo o interior remexer e ferver com o simples gemido que o outro dera. A mente maliciosa fez questão de criar cenas perfeitas em que os dois faziam loucuras na cama, no banheiro, na cozinha, na sala. Era incrível como Yoo despertava vontades e ações que ele nunca havia pensando que desejaria fazer algum dia. — Ei... O que queria me contar?

Chacoalhou a cabeça e tentou esconder o sorriso cafajeste que moldou seu rosto em segundos:

— Eu estava pensando em... Não sei. Talvez você queira... Talvez, eu disse: TALVEZ, você queira comprar um carro comigo. Sabe, para dividirmos as despesas e nem usaríamos nos mesmos horários. Você trabalha de manhã, eu à noite. E quando quisermos sair, é outra história...

— DAEHYUN! Calma, calma. — Balançou as mãos, tentando fazer o outro ficar quieto. O coração dava saltos no peito. Conversara com Dalhee sobre o carro há poucos instantes atrás e o desejo se concretizara com Jung. — É uma ótima ideia!

— Você acha?! Pesquisei alguns modelos e não estão caros.

— Para termos conforto, acho que não devíamos medir esforços com o dinheiro.

Por alguns minutos, o barulho dos hashis tilintando na porcelana foi o único som. Estavam perdidos em seus próprios pensamentos. Tomado por uma coragem desconhecida (talvez impulsionada pelo fato de Jung ter exposto uma ideia maravilhosa sem medo), Youngjae arriscou botar para fora o que o perturbava:

— Minha família quer te conhecer e... Na próxima vez que eu for para lá... Você gostaria de ir comigo?

O sorriso verdadeiro de Daehyun foi a resposta que recebera. A melhor que poderia ter recebido.

...

Carros baixos. Carros altos. Carros pequenos. Carros gigantes. Carros caros. Carros baratos. Carros de todos os tipos. Os "amigos coloridos" andavam por entre eles na concessionária, discutindo sobre qual seria o melhor. Pararam em frente ao último e o suspiro de admiração entregou o desejo de ambos em terem-no para uso próprio.

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