Dez - Ajuda recíproca

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Sua cabeça parecia estar pesando uma tonelada e os olhos mal abriam. Youngjae tampou os ouvidos quando uma moto passou barulhenta na rua, causando um alvoroço na sua dor. Respirou fundo, tentando conter o forte enjoo que ia e vinha.

— O primeiro porre a gente nunca esquece. — Disse uma voz ao seu lado, fazendo-o levantar rapidamente da cama, tropeçando no cobertor que o mantinha aquecido. Com o esforço mais tudo o que sentia, era óbvio que aquele movimento o faria ver estrelas. Caindo sentado no chão do quarto, o rapaz gemeu de frustração. — Isso pode ajudar. — O dono da voz se aproximou com uma xícara de café revigorante, estendendo-a na frente de seu rosto. Yoo conseguiu finalmente ver quem era e quando o fez, resolveu se largar por lá mesmo. O quarto estava meio claro e fresco, por conta da janela aberta, mostrando os primeiros raios solares. — Ei, levante-se. O chão não é lugar para se deitar.

Daehyun puxou um dos pés do vizinho, o colocando na cama novamente. Sentou ao lado dele, dando-lhe a xícara e uma aspirina.

— O que aconteceu?

— Só você pode dizer. Mas até onde eu sei, você entortou o caneco.

— Hm!? — Assustou-se o mais novo, derramando um pouco de café no pijama. "Espera, pijama!? Eu não me lembro de ter trocado" pensou, mas até aquele ato doía em seu âmago.

— Você bebeu demais. — Explicou o rapaz, rindo da tolice alheia. Ao ver que YoungJae não prestava mais atenção em nada a não ser no que vestia, tratou de dizer: — Ontem eu te achei caído no corredor, então te trouxe para o seu apartamento. Te coloquei embaixo de uma ducha fria e você mesmo se vestiu depois.

— Eu mesmo? Por que não lembro disso? — Olhou desconfiado para o outro, tentando puxar em sua memória esse fato. Porém tratou de desistir e lembrar depois, porque sua ressaca não o deixava nem respirar direito. — Sem querer ser mal educado ou mal agradecido, mas o que você ainda faz aqui?

— Bom... — Deu uma risada sem graça, coçando a parte de trás da cabeça. — Fiquei preocupado com você. E tenho certeza de que se eu batesse na sua porta hoje de manhã, você não abriria pra mim.

— O que!? Mas... Você... Que absurdo!

— Oras, não vamos fingir que não é verdade. Não negue que tem medo de mim.

— E-Eu não tenho me... — Deu um pulo do colchão quando Daehyun levantou uma das mãos em sua direção. Nos olhos do vizinho, a constatação; com as sobrancelhas arqueadas, Jung só pôde rir. — Só acho que começamos com o pé esquerdo.

— Certo, também acho. — Esticou a mão novamente, em forma de comprimento. — Sou Jung Daehyun, seu vizinho.

— Prazer, vizinho. Sou Yoo Youngjae. —  Sorriram aliviados, quebrando um pouco a tensão de antes. — Muito obrigado por... Hm... Cuidar de mim.

— Não tem de quê.

— Só espero que não tenha te dado muito trabalho.

— É, não vou negar que... — Riu disfarçado, como se lembrasse de alguma coisa. Youngjae já se sentia pegando fogo tamanha vergonha. — Resumindo tudo: foi engraçado cuidar de você.

Ficaram em silêncio, observando os próprios pés. Era constrangedor e frustrante ao mesmo tempo. Aquele clima de apreensão desde a primeira vez que se viram era frustrante. O fato de Yoo ter ficado bêbado e ter precisado da ajuda do vizinho estranho era constrangedor.

— Agora que você está melhor, acho que já posso ir. — Caminhou até a porta do quarto, balançando a cabeça em um "tchau" mudo quando virou-se para trás. — Tenha um bom dia!

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