O cantor largou as malas em cima da cama e se jogou na mesma, de qualquer jeito. Soltou o ar dos pulmões com força, sentindo-se em casa. Ah, estava definitivamente feliz!
Jogou os sapatos, que o apertavam, longe e descansou a cabeça no braço direito. Havia tido uma tarde espetacular com os pais, tirando todo o atraso e saudade dos últimos anos distante. Conversaram banalidades e amenidades, riram como há tempos não riam e comeram deliciosas comidas.
Mantendo um sorriso no rosto, seus olhos já estavam fechando, exaustos pela viagem de avião, quando leves batidas na porta da frente o interromperam. Gemeu alto, reclamando. Caminhou a passos largos até a sala, se esticando para dar uma olhada no olho mágico. Em um pulo, afastou-se da madeira fria e cambaleou para trás.
— Daehyun? Eu estive esperando por você... — Comentou Youngjae, do outro lado, com a voz calma. O cantor fechou os olhos novamente, tentando agir com naturalidade. Era possível que Youngjae ainda morasse no apartamento da frente? E era ainda mais possível que estivesse querendo vê-lo? Como sabia que havia voltado? Por que estava ali? — Eu só quero conversar, por favor.
Daehyun mordeu os lábios, indeciso. Há três anos, quando brigaram, prometeu nunca mais dirigir qualquer palavra ao economista. E naquele momento se via pronto para quebrar a própria promessa. Eles podiam ser amigos, não?
Passos arrastados traspassaram pela porta e o cantor escutou Youngjae suspirar. Em um desespero muito característico, Daehyun abriu a porta do apartamento e deu um grito incompreensível, chamando a atenção do outro para si.
O economista sorriu com todos os dentes e virou o corpo, abrindo os braços. A aparência estava igual, o cabelo se manteve no mesmo corte e o olhar parecia mais... Maduro. Vestia um terno azul marinho e uma gravata vermelha, o que certamente o fazia se destacar na multidão.
— Olá! Faz tanto tempo que não te vejo ao vivo. Já estava começando a me acostumar com a sua imagem na minha TV. — Brincou ele, dando passadas rápidas até o cantor e o envolvendo em um aperto contra seu corpo. Daehyun ficou estático, assustado e surpreso. Demorou alguns segundos para que retribuísse o abraço, deixando o cheiro do economista grudar em seu nariz. Soltaram-se aos poucos, não querendo realmente fazer aquilo. — Senti sua falta.
— Eu também. — Deixou escapar por um descuido. Percebeu o que falou apenas quando Youngjae soltou uma risada baixa e provocativa. — E-Entre!
O economista atendeu ao pedido prontamente e se dirigiu até o sofá, jogando-se ali. Daehyun fechou a porta devagar, ainda indeciso e duvidoso quanto a visita do outro. Pigarreou antes de começar a falar:
— Está tudo bem com você?
— Está normal. E você? Como está sendo a nova fase?
— Boa. No começo foi difícil, mas logo me acostumei com milhares de pessoas berrando o meu nome.
— Ah, deve ser realmente gratificante ter tantos fãs endoidecidos! Tantas pessoas aos seus pés... — Algo no tom de voz de Yoo fez os pelos da nuca do cantor se arrepiaram. O que ele estava insinuando?
— Nem sempre é bom. Às vezes perco a paciência com eles invadindo a minha privacidade. — Arrumou o corpo para que conseguisse encarar o outro corretamente no sofá e conteve a surpresa quando viu que estavam próximos. Muito próximos.
— E você não aproveita dessa "loucura" deles?
— Não! Está doido!? — Aumentou a voz, assustado, mas amenizou-a em seguida: — A maioria só quer aparecer, não posso dar essa brecha.
— Ah Daehyun, você mudou. Isso é bom. — Youngjae sorriu de lado; mais uma ação dele que arrepiava os pelos de seu corpo. — Eu também mudei. Amadureci, acredito.
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Cobertor
FanfictionYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...