Dupla Personalidade _ Jennie E Taehyung

Cap. 38

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Jennie

Segunda-Feira

O TDI não tem cura, mas com o tratamento certo podemos aliviar os sintomas e a pessoa consegue ter mais controle de suas ações e amenizar os conflitos com as outras personalidades. Porém, não é possível silenciar uma personalidade para sempre, não se usarmos os métodos convencionais.

E se tem uma coisa que eu não faço é seguir os mesmos métodos que todo profissional sério da minha área faz.

O cérebro humano é um órgão fascinante, uma maravilha biológica responsável por uma complexa rede de funções cognitivas, emocionais e físicas. Sua capacidade de surpreender de processar informações, armazenar memórias e regular nossas lembranças com o ambiente é realmente notável. Porém, possui a capacidade de se tornar um agente destrutivo quando submetido a circunstâncias inesperadas.

Viver em sociedade é muito difícil, ainda mais quando uma parte da sociedade está dentro do seu cérebro, já conheci casos de pessoas com TDI com mais de 15 identidades no sistema. Porém, é mais difícil encontrar alguém que possui apenas duas identidades com esse diagnóstico. Tae será meu primeiro paciente com esse diagnóstico.

Antes de agir, preciso saber onde estou me metendo, sei que tanto V como Tae são capazes de fazer de tudo para que as coisas saiam do jeito que eles querem. Os dois tem intensões e visões de futuro opostas, suas personalidades horrivelmente distintas, mas o que tem em comum é o poder da autodestruição. V é a identidade mais antiga, a primeira, que se negou ser Kim Taehyung, então seu cérebro se fragmentou e criou outra identidade que pudesse cumprir o papel que ele não quis exercer, do policial corajoso, justiceiro e mal humorado.

Mas o que de fato motivou V a se odiar tanto ao ponto de não querer ser ele mesmo? Qual foi o trauma que ele sofreu ainda na infância que quebrou seu cérebro em dois? Sua nova identidade surgiu quando ainda era criança, e por negligencia e ignorância da parte de seus responsáveis ele não recebeu tratamento, apenas fecharam os olhos para seu problema. V teve que lidar com tudo sozinho desde muito cedo, seja a morte da mãe ou a ausência de seu pai alcoólatra. Me lembro pouco de sua personalidade quando nos conhecemos na infância. Lembro-me que ele sempre invadia o quintal da minha casa escondido para me fazer companhia, pensava que ele era apenas um tolo carente, mas vendo suas atitudes atuais, vejo que ele era obcecado por mim, e depois que me reencontrou anos depois no fatídico dia em que pedi sua ajuda para levar um moribundo até minha antiga residência, ele deve ter se agarrado na ilusão de que era o destino, afinal, coincidências não existe para alguém como ele.

O fato é que não dá para ajudar Tae a controlar V para que ele não se autodestrua novamente, essa atitude tem que partir de V, mas como vou fazer isso? Ele não vai dar seu braço a torcer, não vai querer ser tratado, não vai querer minha "ajuda".

Estava em meu consultório esperando dar o horário da próxima consulta até Jungkook adentrar meu escritório sem bater.

_ Esqueceu os modos? _ Pergunto a ele sem tirar os olhos da tela do computador.

_ Foi mal, vim avisar que a paciente das 17h desmarcou a consulta.

_ Aish, essa garota sempre falta, realmente não quer tratamento. _ Exclamo ainda olhando para o computador.

_ Na verdade da última vez foi você que desmarcou. _ Ele diz se sentando na poltrona em minha frente.

_ Quer morrer? _ Pergunto o encarando com o mouse na mão.

Kook apenas respira fundo e encara o teto, é perceptível que algo o incomoda, desde que voltei a atender ele anda assim.

_ Por que não fala logo o motivo de você está com essa cara de cu.