I - A mansão - Prólogo

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Prólogo

"Cuidado ao andar a noite, o homem esguio pode estar à solta!"

Era uma frase muito comum e popular, que caiu na boca do povo com o tempo. As pessoas mais céticas poderiam acreditar que isto era só mais uma história boba para assustar crianças, mas para outras pessoas, poderia muito bem ser verdade. Desde a última década, parece que todos os ambientes urbanos haviam se tornado mais violentos. Não, não era sobre bandidos ou acidentes de carro, mas sim sobre assassinatos. Assassinatos sem vestígios, sem resposta. Não importa se a polícia estivesse colada no suspeito, ele sempre arranjava uma forma de escapar.

A polícia trabalhava incessantemente em uma resposta, mas sempre que encontravam uma porta, a mesma se encontrava trancada. Um exemplo disto, era o incidente do hospital. Algumas pessoas juravam que havia acontecido uma chacina, porém, em cerca de alguns dias, todas as provas do suposto incidente haviam simplesmente desaparecido, levando os policiais a estaca zero.

Na verdade, havia sim uma prova, uma única prova que podia conectar este e muitos outros crimes: Um símbolo. Um simples desenho que sempre foi encontrado em todas as cenas de crime. Era um "O" com um "X" por cima. Este símbolo costumava ficar gravado no corpo da vítima, em algum papel ou pixado em uma parede. A polícia acreditava que isso se tratava de um culto satanista ou de um grupo terrorista...

A única outra divergência da polícia era um certo outro grupo de investigação, que sempre acabava metendo o nariz nas cenas de crime e, às vezes, este grupo roubava seus relatórios e arquivos que teorizavam sobre os crimes, sendo acompanhado às vezes de ameaça... Mas bem, isto não é importante agora...

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Um certo jovem, neste clássico cenário policial, adentrava becos escuros com rapidez enquanto sangue inocente escorria de suas mãos. Não demorou para que tomasse um chá de sumiço, frustrando ainda mais a polícia que o perseguia ferozmente.

O rapaz se enfiou na floresta, correndo dentre o matagal, até que finalmente chegou a seu destino... A mansão Slender.

Diferente do que você normalmente iria imaginar, não era uma casa bem cuidada, moderna ou com uma linda comunidade de proxies felizes, não. Era uma mansão enorme com um certo ar vitoriano. Ela estava mal cuidada, suja e possuía algumas de suas paredes quebradas e até podres.

Dentro da mansão, não ficava nem um pouco melhor. Goteiras no teto, fungos nos cantos das paredes, sujeira e poeira empregavam a casa. Restos de comida pelo chão, móveis estraçalhados... Não era tão bonito quanto lhe diziam na Internet.

Os proxies de Slenderman não eram uma família, muito pelo contrário, pareciam um bando de lobos famintos brigando por um pedaço de carne podre. Sempre brigavam para ver quem era o mais forte. As vezes, só não terminavam de matar um ao outro porque, de fato, Slender ainda precisava deles para seus trabalhos. Não havia higiene básica na casa, como você deve imaginar. Os "moradores" dormiam no chão, que geralmente estava sujo de sangue e repleto de insetos.

Para Slenderman, isso sequer importava, na verdade. Porque uma criatura superior como ele precisaria se preocupar com o bem estar de maníacos homicidas que já cometeram atrocidades horrorosas por aí? Eles eram só marionettes dele, escravos que cumpriam suas ordens de instaurar o caos.

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Slenderman descia a escadaria da mansão com seu ar imponente costumeiro. Lá em baixo, podia-se ouvir berros e gritos intensos.

— JEFF, PARA, SEU GRANDE DESGRAÇADO, PARA!!! – Implorava uma proxie qualquer de Slenderman, enquanto levava arranhões e socos de Jeff The killer.

— Senhor Jeffrey. Estou vendo que decidiu aparecer novamente. – Comentou Slenderman, atravessando a porta da copa.

Jeff parou naquele instante. Ele estava insangentado e repleto de curativos mal colocados, inclusive, tinha até feridas infeccionadas — Cortesia de Jane, que obteve sua vingança contra ele.

— Não esperava que estivesse vivo.

— EU TO VIVO, MAIS VIVO DO QUE NUNCA, SEU FILHO DA PUTA! VOCÊ SEQUER VEIO ATRÁS DE MIM — Gritou ele, tentando peitar Slende, o que se provou um fracasso a partir do momento em que a influência da presença  de Slenderman começou a fazê-lo sentir dores de cabeça e tontura.

— Eu não pedi exatamente para você ir até lá. Você foi porque quis... Me pergunto, você viu o Toby?

— TOBY, TOBY, TOBY! VOCÊ SÓ FICA FALANDO DESSE ESQUIZOFRÊNICO DESGRAÇADO, SEU BOSTA! ELE É UM INCOMPETENTE! – Jeff socou a parede, deixando-a amassada novamente. Isso que acontece quando diversos assassinos sem empatia ficavam no mesmo local.

Slenderman suspirou — Muito bem, se é incompetente para isso... Eyeless Jack. Você vai atrás do Toby.

Jeff se encontrou mais revoltado ainda, enquanto Eyeless, que estava assistindo a uma televisão sem sinal, virou a cabeça surpreso. Ele não ganhava muitos serviços de Slenderman, e sabia que este seria importante.

— PORQUE EU NÃO?! – Questionou Jeff... Ele sempre foi o mais violento. Boa parte dos móveis quebrados da casa eram de sua conta, assim como boa parte da ferida dos proxies.

—... Primeiramente, senhor, você está em um estado terrível. Segundo, nós dois sabemos que você não quer recolher Toby para mim e sim ir atrás daquela garota que você torturou. Vá se lavar e depois conversamos sobre isso.

— MAS-

— Eu não estou pedindo. – Sua voz soou demoníaca e ameaçadora.

—... Que seja, não é como se água dessa joça fosse limpa mesmo... – Jeff se retirou dali, de cabeça baixa. O banheiro era muito mais imundo que o esperado normalmente. A banheira era repleta por uma crosta de sujeira e sangue seco, vaso, nem se fala... Ele abriu a caixinha do espelho quebrada e pegou algumas pílulas de remédios para enxaqueca e alguns para dor... Isso era necessário para sobreviver naquela casa, estar dopado sempre.... Do chuveiro enferrujado, uma água extremamente gelada e levemente enlameada saiu. Era melhor que nada, isto quando tinha água na casa.

— Eyeless, vá atrás de Toby. Não o ataque de primeira, o vigie e me diga o que ele está fazendo... Eu não gosto de perder meus escravos. — Eyeless fez que sim com a cabeça e, sem perder tempo, já saiu andando daquele local. Seus proxies eram bastante úteis, principalmente para o tipo de coisa que Slenderman queria alcançar... Mas... Será que aquilo tudo valeria a pena, no fim?

Continua...

Ressentimento - Slenderman  Onde histórias criam vida. Descubra agora