XXXIII - Feliz aniversário, Janie.

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O sangue vermelho escarlate cintilava ao chão, seus olhos que antes eram um belo cor de mel agora estavam avermelhados, Janie deitava-se ao chão, melancólica pelo dia atual... O dia de seu nascimento.

— Dimensão do Caos —

— Janie, Janie... Está triste? É pela dor? Parece mais... Profundo. – Shadowlurker estava agachado ao lado da garota.

— Não, tiu Lurker... É que... Hoje seria meu aniversário. E... 'Cê sabe, eu tô presa aqui, me transformando em sei lá o que... Poderia estar em casa, com meu pai e minha mãe... Recebendo a atenção que jamais recebi, mas não, estou aqui.

— Aqui, nessa dimensão, não existe o conceito de aniversário... O que é isso? - Questionou, ainda imóvel. Lurker havia nascido em meio ao espaço e fora trazido a dimensão do caos de Zalgo, então... Ele era deveras leigo.

Janie virou sua face para observar o homem, enquanto continuava pregada ao chão por sua gravidade. Estava de costas pois sentia uma estrudente dor... De suas costas, desde aquela manhã, estava saindo alguma coisa, algo de dentro. Na verdade, estava coçando mais do que estava doendo, ela queria arrancar sua pele pela coceira, mas o que acontecia era — Havia algo com a ponta arredondada saindo de suas costas, estava rasgando sua pele, assim como uma espinha, por isso Janie estava deitada em uma poça de seu próprio sangue. Ela suspirou, retraindo-se naquela dor insuportável.

— Aniversário... O dia em que nascemos. Sempre que a mesma data chega, comemoramos o nosso nascimento, nossos anos de vida.

— Parece ser uma data especial.

— É sim... Passamos com quem amamos, mas... Eu não tenho ninguém que amo aqui, sinceramente. Eu só... Queria estar com minha família. Minha família da vida humana, sabe...?

— Ah, entendo... Você... Gostaria de ver sua família novamente, Janie?

Seus olhos avermelhados fitaram o homem, um leve brilho começou a surgir, uma lágrima salgada de seu olho esquerdo. A lágrima escorreu lentamente, molhando e marcando sua pele que agora estava escurecida, sua pele que já foi humana, clara e delicada algum dia. Seus lábios trêmulos palpitaram.

— Sim... Sim, eu quero.

Shadowlurker ficou em silêncio, com seu semblante levemente sério. Inclinou a cabeça para o lado um pouco, analisando a jovem. De fato, provavelmente deixaria de ser humana naquele dia. Seu corpo estava diferente, estava mais animalesco, suas pernas pareciam a de um inseto, estavam negras. Seus ossos da costela estavam para fora, suas mãos haviam se tornado maiores e possuíam garras. Sua face era extremamente abatida, ela não merecia perder o seu dia especial. Shadowlurker se levantou de uma vez e simplesmente saiu andando daquele local, deixando a jovem em sua poça de melancolia ao chão.

Andando pelos vãos do desespero, pelos prédios sendo lentamente consumidos pelo chão — era uma visão bela, era satisfatório e relaxante ver o ambiente. Talvez isso impedisse Lurker de surtar com as putarias de Zalgo. Ele pensava, pensava profundamente enquanto caminhava em meio ao caos... De fato, ele gostaria de ajudar Janie. Não, ele iria ajudá-la!

Se aproximando do trono de Zalgo, percebeu seu chefe consumindo mais um planeta com sucesso.

— Haha, eu sabia que aquelas sementes seriam úteis! Eles conseguiram pegar o planeta 4 mil anos antes do planejado, vou usar seu DNA para fazer sementes novamente! Ah, olá lacaio. – Ele olhou para Lurker. A forma de Zalgo havia mudado novamente, no momento estava como uma sombra, um borrão que emanava uma energia um tanto perigosa e implacável.

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