XXIII - Babel - ARCO III

15 1 0
                                    

— Dimensão do Caos —

Faziam algumas horas que Janie estava lá, mas pareciam já meses. Sentia-se cansada — Talvez isso se devesse às coisas que estava vendo naquele local.

"Dimensão do caos"... De fato aquele nome era merecido. Zalgo conseguia corromper o corrompido, destruir em um segundo vidas, sonhos e cidades inteiras. O chão estava repleto de... Não. O chão era um bando de criaturas. Digo criaturas pois não se dá mais para saber o que aquelas coisas já foram. A única coisa que se podia ter certeza é que aquilo estava vivo e agonizando incessantemente. Às vezes Janis possuía a impressão de que Zalgo fazia aquilo tudo de propósito por seu bel prazer, a final, vivia utilizando o amontoado de seja lá o que aquilo fosse como simples objetos para se sentar e se acomodar.

A agora Proxie de Zalgo se levantou enquanto ouvia os lamentos do chão em uma linguagem jamais ouvida. Normalmente, sentiria raiva e tristeza ouvindo todos aqueles gritos por ser extremamente sensível ao som. Olhou para o céu, ele era tao psicodélico quanto uma conta do MySpace de um Scemo nos anos 2000. Normalmente, isso a faria ter desconforto e uma crise por ser sensível a luz e imagens brilhantes. O chão era pegajoso e possuía a textura mais horrenda e desagradável, com o cheiro mais podre. Normalmente, isso a incomodaria... Tudo a incomodaria, mas agora já não era Janie a humana... Agora era Janie a Proxie. Um mero instrumento para recuperar Slenderman seja lá o porque Zalgo o queria.

— Janie, está pronta? - Questionou Shadowlurker à moça. — Senhor Zalgo disse para trocar essas roupas de hospital porque isso iria manchar a reputação dele.

— E o que eu deveria vestir, Tio Lurker? Aqui só tem essa coisa no chão e... Eu não vou usar isso.

— ...Não posso culpar você, jovem... Eu também não usaria, não, não... — Ele entregou a ela um sobretudo bordô com pequenos brilhinhos. — Essa será sua roupa de agora em diante. Vamos, vamos, Senhor Zalgo está esperando...

•••

•••

— Janie, queridinha! — Disse a voz ecoante de Zalgo, que já estava até mesmo com uma aparência diferenciada. Agora ele parecia uma espécie de humano meio lacraia, com olhos distribuídos por todo seu corpo e uma boca enorme, que ia da cabeça até o estômago coberta por dentes. — Bem, bem, bem... Você de fato é feita com um grande pedaço de mim, mas você é muito ingênua!  — A criatura se aproximou da jovem, que parecia levemente horrorizada... Entretanto, sentia-se em paz, como se Zalgo fosse realmente seu progenitor.

— Não estou entendendo... Como assim ingênua?

— Você tem muitos poderes além de "ficar se tremelicando" e "babar gosma preta"! Porque, obviamente, se você veio de mim pode fazer algo útil. Até mesmo os irmãos Slender possuem potencial, mas eles só ficam procurando um propósito patético e tendo crises existenciais estúpidas. — Um silêncio repentino permaneceu no local por uns instantes.

— Eeeehhh, tá certo... Então o que eu deveria fazer, Zalgo?

— SENHOR Zalgo. — Respondeu ríspidamente Shadowlurker.

—... Essa sua babação de ovo não vai colar comigo não, Titiu Lurker.

— Hahaha! Gostei dela! Já tem até mesmo o meu humor! – Ele deu uns tapinhas na moça de alguma forma.

Ressentimento - Slenderman  Onde histórias criam vida. Descubra agora