— Oh, doutora! A paciente está acordando!
Tais palavras ecoaram pelos ouvidos de Janie. Lentamente, abriram-se seus olhos e, conforme sua vista foi se ajustando, percebeu-se estar em um quarto branco. A sua esquerda, uma parede, a qual possuía uma janela com cortinas verdes e, a sua direita uma máquina com o constante barulho "Pi... Pi... Pi...". Avistou seu próprio braço, com uma pequena e finíssima mangueira da qual um líquido transparente escorria. Seu braço estava com uma cor acinzentada, que era quase não perceptível, exceto quando chegava a ponta de seus dedos, nos quais a estranha coloração ficava mais forte. Não demorou para que a tal "doutora" de sua confusa audição aparecesse.
— Oh, senhorita Janie, você finalmente acordou! – Senhorita...? Aquela palavra percorreu de seus ouvidos a seu corpo todo como um arrepio, que a fez estremecer. A mesma não compreendia o motivo. — Você deve estar confusa, não? Encontramos a senhorita à beira de um rio, com diversas fraturas... A senhorita sangrava pela boca e estava com os braços extremamente roxos por alguma peculiar falta de circulação...
A jovem escutava aquilo tudo em silêncio. Não compreendia muito bem o que estava lhe acontecendo, mas tinha certeza de que seja lá o que aconteceu com seus braços não foi feito por uma mera falta de circulação.
— Felizmente, conseguimos contato com seus familiares... Seus pais vieram te ver algumas vezes, entretanto... Eles não podem visitá-la muito.
— P... Por.. Porque? – Sua voz soou rouca. Era como se não falasse há uma eternidade por possuir um peso na garganta, que parecia ter desaparecido.
— Bem, a sua situação estava meio crítica. A senhorita tinha espasmos e convulsões, nas quais uma grande quantia de sangue saia de sua garganta.
Janie desfoca a visão da doutora, olhando para atrás dela. A porta de seu quarto permanecia fechada e, olhando bem, somente ela ocupava o quarto. Haviam vozes ao lado de fora. A doutora logo percebeu isto.
— Oh, não se preocupe... Como disse, sua situação é muito peculiar e isto chamou a atenção de cientistas. Eles acham que você pode possuir uma doença muito rara.
— EU NÃO SOU UM RATO DE LABORATÓRIO! – Berrou a jovem repentinamente. Por alguma razão, aquilo fez seu humor ser alterado de uma forma que jamais havia visto antes. A doutora acabou pulando para trás de susto.
— Céus... Senhorita, se acalme! Eles não vão fazer experimentos contigo, pode ter certeza! São os doutores da S.C.P, eles cuidam de casos raros como o seu. Eles ainda não lhe avaliaram, mas depois de amanhã vão levá-la para seu hospital particular.
Pequenas batidas foram ouvidas na porta e, ao ser aberta, duas figuras conhecidas esgueiraram-se para entrar pelo quarto, a final, haviam diversos policiais ao lado de fora quase discutindo com cientistas que usavam jalecos brancos. As figuras eram... Os pais de Janie! Sua mãe, uma mulher de meia idade levemente à cima do peso com seus olhos castanhos avermelhados de tanto chorar e seu pai, o qual sempre manteve uma expressão de seriedade, parecia melancólico, muito provavelmente pela garota. Ao vê-la acordada, ambos correram para si, a abraçando e chorando emocionados.
Janie jamais esperou isso deles, jamais... Sempre assumiu que ambos a odiassem pela mesma não ser a filha perfeita que sua irmã era... Mas pelo jeito, ela estava errada. Aquele abraço caloroso e poderoso, que sempre quis sentir... Estava concretizado. Seus olhos castanhos encheram-se de lágrimas salgadas, que escorreram seu rosto redondo por inteiro, desmanchando-se à ponta de seu queixo, liberando um sorriso doce que havia dado na realidade por tão poucas vezes.
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Ressentimento - Slenderman
Terror[Essa história se passa após "Meu Amigo Splendorman" e "Pétalas cor de Sangue - Offenderman"] Mesmo com tudo caindo ao seu redor, Slenderman continuava sério e jamais perdia sua compostura. Talvez seja a hora de ele começar a questionar suas própria...