Rana havia chegado mais cedo da universidade. Subiu as escadas que davam acesso ao seu apartamento. Ao abrir a porta se deparou com Aika, sua irmã mais nova, sentada no sofá da sala.
Só então lembrou que ela também tinha uma cópia da chave.
Deixou a bolsa, o casaco e a pasta em cima da mesa:
- O que aconteceu?
A garota segurava as mãos sobre o colo, angustiada:
- Papai quer falar comigo. Ainda hoje. Parece que conseguiu um acordo.
Rana respirou fundo.
Sabia que em algum momento os negócios sujos de sua família cobrariam o preço pela vida cara e confortável de sua irmã.
Ela era a mais velha e Aika, a mais nova. As únicas solteiras, e no ramo em que seu pai trabalhava isso significava ser considerada uma moeda de troca.
Mas, Rana tinha conseguido escapar.
Foi para os Estados Unidos, se formou e fez a pós-graduação. E depois para a Inglaterra, onde trabalhava como professora em uma das mais renomadas instituições de arte e design. Como tinha mais idade, não atraía tanto interesse e atualmente com seus 40 anos, poderia se considerar livre de qualquer tipo de negociação.
Foi até o balcão da cozinha, fazer um chá:
- Nosso pai está aqui, na cidade?
Aika sentou-se em um dos bancos:
- Sim, a pedido de Kravan.
Ao ouvir esse nome, Rana fechou os olhos, incomodada:
- Ele vai vir para cá?
- Pediu para confirmar um horário.
Serviu uma xícara para sua irmã:
- Diga que venha amanhã, no final da tarde. Vou pedir folga do trabalho e farei um lanche, ele certamente não virá sozinho.
Aika tomou um gole, e olhou para ela, amedrontada:
- Eu sou muito nova, não quero me unir à nenhum bandido.
Ela segurou a sua mão:
- Fique calma, não sabemos do que se trata. Estarei o tempo todo ao seu lado.
Logo depois que sua irmã saiu, Rana foi até o quarto e tomou um banho, vestindo um dos seus pijamas de seda. Andou até a sala de estar, perto do pequeno bar, se servindo com uma dose generosa de conhaque.
Não tinha o costume de beber, mas dadas às circunstâncias, abriria uma exceção.
Ficou em pé, observando as pessoas nas ruas, pela janela.
Sentia pena das suas irmãs. Tinha raiva por ter nascido em naquele ambiente. Ter um pai que era o segundo no comando da maior organização criminosa da Ásia era motivo de vergonha e ressentimento.
Assim que descobriu a realidade sangrenta por trás da vida luxuosa que levava, renunciou à fortuna da família, embarcou para um novo continente em busca de paz. Ninguém tentou impedi-la, pois ainda haviam três garotas que podiam cumprir com o papel estabelecido.
Serviu mesas, lavou pratos, e em alguns anos conseguiu juntar o dinheiro necessário para estudar. Com a ajuda de amigos, conseguiu regularizar sua situação de imigrante e se dedicar à sua paixão, a arte.
Aluna e profissional dedicada, em pouco tempo estava trabalhando em um dos museus mais famosos do mundo, em Nova York. Quando foi convidada para lecionar na Colégio Real de Artes, não pensou duas vezes e mudou-se para Londres.
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
Ficción General"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...