Capítulo 12 - Família

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Dois dias haviam se passado.

Durante esse período, Rana evitou dar explicações sobre o que havia ocorrido naquela noite, no restaurante. Não precisou de muito esforço, pois os analgésicos prescritos pelo médico fizeram com que Sergei passasse a maior parte do tempo cochilando. Ela optou por dormir no sofá, tinha receio de encostar na ferida que ainda sangrava um pouco.

Estava preocupada com a retaliação por parte de seu pai, afinal, ela havia lesado seus ombros de forma quase definitiva.

No dia da reunião na universidade, acordou cedo, trocou de roupa e aguardou que os funcionários do hotel trouxessem o café.

Pediu que um dos seguranças ficasse com Sergei no quarto o tempo todo e o ajudasse a comer.

Na recepção, encontrou com Dimitri e juntos foram para o Colégio Real de Artes. Depois seguiriam para algumas visitas às universidades mais importantes. A reunião durou três horas, ao sair Rana queria comer, já estava perto da hora do almoço.

Olhou para o garoto que a aguardava dentro do carro:

- Vamos almoçar?

- Não é melhor voltar para o hotel?

Desde que sentiu o cano da arma encostado em sua cabeça, Dimitri ficou tenso. Pela primeira vez ele realmente entendeu tudo que o pai dizia, o motivo de ter sido protegido desde criança, sem contato com o mundo exterior. Ele devia estar preparado, pois quando assumisse a organização deveria ser forte o bastante para liderar, aguentar ameaças e permanecer vivo. Além disso, tinha uma dívida para o resto da vida com Rana, por ter sido salvo por ela.

- Vou levá-lo para comer uma comida típica daqui, que acha?

O carro parou em frente à um pequeno restaurante e como de costume, os seguranças se espalharam pelo local.

Sentaram-se em uma mesa próxima a uma janela. Rana chamou um dos garçons e fez o pedido pelos dois: fish and chips, que consistia em peixe acompanhado de batatas, ambos fritos.

Dimitri esperou que o garçom se afastasse:

- Rana, posso perguntar uma coisa?

- Claro.

- Onde aprendeu a atirar?

Ela piscou algumas vezes, ensaiando mentalmente uma resposta curta:

- Meu tio era um dos atiradores do líder da época, o pai de Kravan. Desde pequena eu fui treinada por ele.

- Continuou treinando quando foi para a América?

- Sim.

Ele olhou para o prato colocado à sua frente, haviam vários tipos de molho acompanhando o peixe.

Rana sorriu:

- Pode comer a batata com a mão mesmo.

Dimitri colocou a batata frita na boca, surpreso com o sabor. Já havia experimentado em Moscou, mas aquela estava muito melhor.

Continuou a conversa:

- Se arrepende por ter se casado com meu pai?

- Não mais. Ele é uma pessoa bem diferente do que eu imaginava, para melhor.

- Nós gostamos de você.

- Eu também gosto de vocês, tanto que não pensei duas vezes em atirar no meu próprio pai.

- Você salvou a minha vida.

Ela quis mudar de assunto:

- E a sua mãe?

O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora