Rana escutava atenta, enquanto Polina contava sua história.
Quando completou dezoito anos, implorou aos pais que a deixassem seguir a vida fora da organização, dizendo que faria qualquer coisa para ser livre. Como Sergei era o herdeiro e assumiria os negócios, seu pai concordou com uma condição: ela seria "apagada" da família e enviada para longe.
Sua mãe tentou convencê-la do contrário, sem sucesso.
Era jovem, a impulsividade corria em suas veias, não tinha noção do sacrifício exigido.
Para todos os efeitos, forjaram um acidente de carro e ela foi dada como morta, pois era o único jeito de deixá-la livre do perigo.
Recebeu um novo nome, assim como documentos de identificação. Passou anos em uma cidade no interior da Finlândia, isolada de todos. Teve poucas amizades e alguns namorados que quase sempre perguntavam sobre seu passado obscuro, uma orfã que havia sido criada por estranhos em território russo. Depois de algum tempo, chegou à conclusão de que o melhor que podia fazer era ficar só.
Não pôde comparecer ao enterro do próprio pai para não levantar suspeitas, mas ao saber do falecimento da mãe, não aguentou e decidiu retornar para Moscou. Com a ajuda de Sergei comprou aquela casa e o restaurante. Só havia visto seu sobrinho três vezes, de longe, sem nunca conversar com ele. Tinha uma vida solitária e ao seu ver, sem graça. O fantasma da organização sempre rondava seus pensamentos, se descobrissem sua verdadeira identidade, tornaria-se mais um alvo que poderia ser utilizado contra o irmão.
Assim que terminou de falar, se levantou da poltrona:
- Vou fazer um café.
Sergei aguardou que sua irmã se afastasse e olhou para Rana, sério:
- Você é a única pessoa que sabe que ela está viva, além de mim.
Intrigada, ela perguntou:
- Por que fez isso?
- Trabalhando em um emprego comum, confirmará que não é mais uma herdeira. Poderá circular livremente, sem medo de ameaças. Terá a ajuda de Polina. E quis que soubesse das dificuldades que minha irmã enfrentou, você não é a primeira e nem será a última pessoa a tentar se libertar da organização.
Rana baixou a voz, falando para si mesma:
- Sem sucesso.
Ele se aproximou dela, no sofá:
- Não ouvi o que disse.
Repetiu, com um sorriso amargo:
- Sem sucesso, passei a minha vida dando uma volta imensa, e não saí do lugar.
Sergei colocou a sua mão sobre a dela, retirando rapidamente ao ver a irmã chegar com uma bandeja:
- Fiz um café forte e trouxe alguns biscoitos para acompanhar. Venham até a mesa.
Conversaram detalhes sobre as funções de Rana no novo emprego e combinaram a data de início.
Sergei olhou no celular conferindo as mensagens, já estava muito tempo fora da mansão sem os seguranças, devia voltar antes que dessem por sua falta.
Abraçou a irmã demoradamente:
- Se precisar de algo, me avise.
Polina sorriu:
- Obrigada, brat.
(irmão)
Em seguida, Rana agradeceu:
- Sei que está se arriscando por minha causa.
- Não mais que meu irmão – chegou perto de seu ouvido – ele não tem culpa de pertencer à organização e você é muito especial para ele, não se esqueça disso.
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
General Fiction"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...