Capítulo 32 - Amante

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Durante a semana que se seguiu, Rana continuou a exercer suas funções no restaurante. Na sexta-feira, resolveu voltar para casa por um outro caminho, passando em frente ao museu de arte clássica. O prédio era imponente, com escadas feitas em mármore e possuía uma cúpula dourada, banhada à ouro.

Entrou no local e foi direto para a sessão dos objetos do Império Russo. Ficou encantada com os adornos cravejados de pedras preciosas e com os ovos Fabergé de diferentes tamanhos. Os quadros, não tão conhecidos pelo resto do mundo, retratavam salões de bailes e jardins das propriedades dos Czares.

Dirigiu-se para a saída principal ao ver que os guardas já anunciavam o encerramento do horário de visitação, mas parou em frente a um mural, onde havia um anúncio sobre vagas para guias nos tours virtuais do próprio museu.

Voltou até a secretaria para se informar.

Foi atendida por uma das gerentes, que gostou bastante da formação acadêmica de Rana, achando que ela era qualificada demais para a função. Poderia trabalhar em horários flexíveis e de seu próprio apartamento. Seria remunerada por horas trabalhadas e fazendo as contas, se trabalhasse duas horas por dia, à noite, conseguiria complementar a sua renda de forma adequada, sem precisar utilizar sua reserva financeira.

Assinou os papéis, levou os manuais e ficou de trazer o computador no dia seguinte para instalar o software, assim teria a sua própria agenda e acesso às salas virtuais do museu. Pediria para Polina deixá-la sair meia hora mais cedo, assim poderia ficar com o horário das sete até às nove da noite.

Voltou para casa, um pouco mais animada.

Ao sair do elevador, sentiu o cheiro de comida vindo do seu apartamento. Abriu a porta e encontrou Sergei vestindo apenas uma calça de moletom cinza e tênis, cortando legumes na bancada da cozinha:

- Teve que ficar até mais tarde no restaurante?

Rana largou a bolsa e a sacola no sofá, estranhando o fato de ter seu ex-marido e líder da organização no meio da sua cozinha, vestido daquela forma como se fossem casados há muitos anos, preparando o jantar.

Andou até ele:

- Parei no museu e arranjei um outro emprego.

Ele se virou, limpando as mãos em um pano e beijou sua testa:

- Vai trabalhar à noite?

Sentou na bancada, ao lado dele:

- Sim, mas vou ficar em casa. Vou ser uma espécie de guia virtual.

Sergei ficou de frente para ela, entre suas pernas:

- Certo.

Sentiu os dedos grossos e calejados contornarem seus lábios.

Rana passou a mão pelo peito tatuado, sentindo os músculos firmes e a pele quente.

A situação entre eles era no mínimo, peculiar. Naquele momento pareciam um casal normal. Mas a verdade é que estavam separados e ele tinha que cumprir com suas obrigações para a organização.

Resolveu tocar em um assunto que a incomodava:

- Eu não tenho mais nada a oferecer, doei minha herança, meu pai morreu, Kravan está preso.

Ele voltou para a frente do fogão:

- Onde quer chegar?

- Se fizer uma nova união, vou ser sua amante?

Olhou-o tampar a panela e ir até a mesa, pegar a cigarreira que se encontrava no bolso do casaco. Aproveitou para olhar as mensagens no celular.

Acendeu uma cigarrilha:

O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora