O julgamento havia sido marcado para às 10 horas da manhã, em um dos prédios da agência britânica. Rana desceu do carro acompanhada por quatro seguranças e dois advogados. Embora estivesse bem agasalhada, o vento frio castigava seu rosto, fazendo com que adquirisse um tom rosado. Foi guiada para a sala principal do piso térreo e ao entrar deparou-se com Samuel, sentado em uma cadeira no canto, escoltado por dois agentes. Evitou olhar para ele, desviando sua atenção para o homem à sua frente que se preparava para começar a coletar seu depoimento.
Perto dali, Sergei aguardava no quarto do hotel. Já havia recebido a informação de que Kravan não compareceria, temendo pela vida de seu filho. Servindo-se de uma dose de conhaque, sentou em uma poltrona com o notebook no colo, tentando em vão focar no trabalho. Só conseguia pensar em sua esposa e no quanto gostaria de estar junto à ela, para que se sentisse mais segura.
O tempo passava devagar. Dentro da sala, Rana respondia as perguntas de forma simples e direta, como fora instruída pelos advogados. Negou a participação de Sergei em qualquer negócio ilícito e que não tinha nenhum tipo de relacionamento do chefe da facção tailandesa. Graças ao treinamento que teve com William, conseguiu mentir sem sequer alterar a expressão facial.
Até que Samuel foi chamado para depor. Estava bem abatido quando confirmou seu nome completo, mas mantinha o olhar frio e repleto de ódio.
Um dos agentes mais velhos, sentado na banca iniciou as perguntas:
- Em seu último relatório, você descreve o encontro que teve com a Sra. Rana Syang Solitevsko, no qual ela concordou em conseguir as provas contra seu marido, Sergei Solitevsko, correto?
Ele olhou para Rana:
- Sim.
- Nesse encontro em algum momento a Sra. Rana confirmou que teria as provas ou que seu marido estava envolvido em algum tipo de negócio ilegal?
Samuel suspirou:
- Não, mas ela concordou em conseguir as provas, a partir do momento que pegou a pendrive para baixar os arquivos.
- E o que havia nos arquivos?
- Documentos sobre as empresas e investimentos do marido dela.
- E esses documentos continham alguma prova substancial? De que ele estava envolvido em atividades criminosas?
- Não.
- E é verdade que ameaçou a Sra. Rana, aqui presente, quando esteve na casa dela?
- Não.
- Logo depois da suposta ameaça, ela e seu marido foram atacados em uma loja em Moscou e os atiradores exigiram que o Sr. Sergei Solivetsko confessasse fazer parte da organização russa.
Nesse momento, Samuel se exaltou, levantando da cadeira:
- FAZER PARTE? ELE É O LÍDER, RESPONSÁVEL PELO TRÁFICO DE DROGAS E PROSTITUIÇÃO! VOCÊS NÃO ESTÃO VENDO QUE ELA MENTIU? O TEMPO TODO? NÃO PASSA DE UMA VAGABUNDA, QUE SE VENDEU PELO DINHEIRO E PODER!
Rana começou a piscar os olhos, tentando não deixar as lágrimas caírem, sendo amparada pelos advogados, que pediram aos agentes que ela se retirasse da sala para aguardar a veredito no hotel.
Dentro do carro, Rana limpou o rosto com as mãos. Afinal, Samuel não estava errado. Ela sabia de todas as transações ilícitas de seu marido, veio de uma família ligada à organização tailandesa, havia trabalhado como mercenária e eliminado as pessoas que tentaram atingir seu marido. E também não era totalmente errado considerar que havia se vendido à Sergei, pois tinha feito um acordo.
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
Fiksi Umum"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...