Rana apertou a mão de seu marido, antes de iniciar seu depoimento para a agência. Estava sentada junto à ele e seus advogados na sala de reunião, olhando para a tela do monitor que ocupava quase metade da parede.
Depois do episódio na loja, Samuel foi dado como foragido e ela era um alvo ambulante, mais uma vez.
Assim que a sessão foi iniciada, Sergei beijou sua mão e falou em voz baixa:
- Não vou deixar que nada aconteça com você.
Ela apenas sorriu e se ajeitou na cadeira. Respondeu as perguntas feitas, conforme havia combinado com os advogados. Confirmou a perseguição que sofreu desde os Estados Unidos e que havia sido coagida pelo americano a entregar provas que incriminassem seu marido. Reforçou que não sabia da existência de tais documentos e que tudo o que havia conseguido estava na pen drive que tinha sido entregue à ele.
Após aproximadamente uma hora de interrogatório, um dos agentes que aparentava ser o mais velho, dirigiu-se à ela:
- Gostaríamos de reiterar que não concordamos com esse tipo de ação e comportamento por parte de nossos informantes. Mas não podemos garantir que está totalmente segura, enquanto ele estiver solto. Dessa forma, para garantir a sua proteção, podemos incluí-la no programa de proteção à testemunha temporariamente, até que Samuel seja localizado e encaminhado para julgamento, quando será necessário um novo testemunho de sua parte.
Rana virou para Sergei, que soltou sua mão e abriu o estojo de prata em busca de uma cigarrilha. Ela respirou fundo e voltou sua atenção para a tela:
- Gostaria de pensar sobre o assunto. Posso responder até amanhã?
- Sim, claro. Estamos à sua disposição.
Continuou olhando para a tela apagada. Mais uma chance de recomeçar com uma nova identidade, bem longe dali, por meses ou anos pois ninguém sabia do paradeiro de Samuel e nem quanto tempo levaria para que fosse encontrado. Vários filmes começaram a rodar em sua cabeça: o primeiro, no qual estaria em algum lugar distante com uma vida totalmente diferente e reinventada. Logo após outro, onde depois de algum tempo conseguiria fugir e se estabelecer em um local totalmente diferente, conhecer outras pessoas, estudar e trabalhar. E assim sucessivamente, vários universos paralelos ao seu dispor, onde ela tinha vidas totalmente distintas.
Voltou a si ao ouvir a voz de seu marido, na sala vazia:
- Talvez seja uma boa ideia, o programa de proteção.
Tinha certeza que podia ler pensamentos. Olhou para ele, assustada:
- Por que?
Observou-o soltar a fumaça perfumada, para cima:
- Porque está olhando para o monitor desligado, imaginando como seria participar de um programa desses. Se ficar comigo, a sua segurança será redobrada e não poderá sair tanto quanto antes. Em algum momento ficará revoltada e voltaremos ao ponto de partida, onde sou culpado por tudo de errado na sua vida.
Ignorou suas palavras:
- Eu fiz uma promessa e vou cumprir.
Sergei amassou a cigarrilha contra o cinzeiro:
- Não quero que fique por obrigação, é livre para fazer o que quiser. Não haverá separação, visto que essa Rana – apontou para ela – deixará de existir.
Saiu, deixando-a sozinha.
Em seguida, seu celular tocou. Olhou e viu o nome de Dimitri.
Deu um longo suspiro, o dia não estava sendo nada bondoso com ela.
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
General Fiction"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...