Sergei levantou as mãos, fazendo sinal para tirar as armas, sendo interrompido por Rana:
- Tire seu coldre e jogue no chão, do meu lado.
Ele assim o fez. Voltou a sentar na poltrona, devagar:
- Não é nada do que está pensando. Ilya, a garota, está com problemas.
Rana sorriu, mantendo os braços esticados e posicionados em direção à ele, com os dedos nos gatilhos:
- Me poupe do fingimento. Ou acha que eu não descobriria sobre as técnicas de manipulação?
Viu Sergei apertar os olhos:
- Você acha que usei a técnica em você?
Ela se dirigiu à porta, sem perdê-lo de mira, abrindo e chamando a garota ruiva no corredor, que entrou rápido e sentou na cama, assustada.
Ignorou os homens que estavam do lado de fora e passou a chave pela fechadura.
Virou-se para Ilya:
- Como veio parar aqui? Foi obrigada?
A garota olhou para Sergei que fez um sinal com a cabeça, para que respondesse:
- Não senhora. Eu estava nas ruas, sem ter o que comer e vim trabalhar aqui.
Rana ficou furiosa:
- Mentirosa! Quer me convencer que entrou nessa vida por vontade própria?
Ilya se encolheu em um canto da cama:
- Juro que é a verdade.
Olhou para ele:
- E as outras? Foram compradas?
Sergei não conseguia entender o que havia acontecido com Rana. Aquela mulher na sua frente era uma combatente, outra pessoa:
- Nunca colaborei com o tráfico de pessoas. As garotas trabalham aqui de forma voluntária, recebem corretamente, tem assistência médica.
Ela olhou para o relógio:
- Preciso ir embora. Fique de pé, abra a porta e avise seus homens para que me deixem sair ou o seu bar vai explodir pelos ares – blefou.
Lentamente, Sergei se aproximou da porta e saiu, sinalizando para que todos abaixassem as armas.
Rana pegou o coldre do chão e o colocou no ombro, abrindo caminho entre os seguranças. Desceu as escadas, saiu correndo pela porta e entrou no carro, acelerando à toda velocidade.
Bóris fez menção de segui-la, sendo impedido pelo seu chefe:
- Eu vou atrás dela, fique aqui.
- Ela levou as suas armas, pegue a minha.
- Não será necessário.
Ao chegar na casa, Rana correu novamente até o quarto pegando a mochila, onde colocou seus documentos, passaporte, algumas roupas. Jogou o ovo Fabergé dentro dela, pensando em voz alta:
- Pelo menos vai servir para alguma coisa, vou vendê-lo.
Foi até o banheiro, deixando as armas na bancada da pia. Lavou o rosto, e apoiou os braços no móvel, olhando para o espelho. Sentiu uma leve tontura, pois estava sem comer direito e tinha ido e voltado de Londres em muito pouco tempo. Fechou os olhos e respirou fundo, várias vezes. Havia prometido a si mesma que não ia chorar, não seria tola e fraca, novamente.
Caminhou até a cama e se sentou. Logo estava deitada, sentindo as pálpebras pesadas se fecharem.
Sentiu o cheiro característico de hortelã, e aos poucos abriu os olhos. Apoiou-se nos cotovelos, vendo Sergei sentado na beirada da cama, com uma cigarrilha na mão, soltando a fumaça pela boca:
- Quem foi ver em Londres?
Ela se sentou:
- Alguém que me abriu os olhos.
- Não foi isso que perguntei.
Rana tentou levantar, sentindo o quarto girar. Sergei se levantou para ajudá-la, mas ela o afastou:
- O chefe do grupo de mercenários, com quem eu trabalhava. Ele me fez ver que você me manipulou esse tempo todo, me deixando isolada, fazendo com que simpatizasse com você e Dimitri, me envolvendo nos seus negócios sujos e garantindo que eu me sacrificasse por vocês.
Ele olhou para ela, sério:
- Eu sou apaixonado por você.
Ouviu-a dizer:
- Muito conveniente, depois que eu descobri toda a mentira.
Sergei se aproximou, devagar. Abriu os botões da camisa e a tirou, ficando de costas. Rana chegou um pouco mais perto, prestando atenção no pedaço de pele que ainda estava vermelho. Abaixo do emblema da família russa, enxergou seu nome cercado por flores. Passou o dedo por elas, sentindo-o suspirar, pois ainda estava sensível.
Rana sabia o que isso significava na organização: fidelidade e amor eterno.
Não tinha mais argumentos. Como se adivinhasse seus pensamentos, ele virou e disse:
- Ilya está com a mãe doente, vou ajudá-la. Estávamos no quarto para que ninguém nos interrompesse. Eu juro pela vida de Dimitri, nada aconteceu.
Encarou os olhos verdes de seu marido:
- Eu não vou tatuar a minha pele por você.
Sergei riu, aliviado. Puxou-a para si e a beijou, demoradamente. Cheirou seu pescoço:
- Não quero que tenha nenhuma marca, para que não possa ser reconhecida.
Rana o abraçou, passando as pernas pela sua cintura. Ele a levou até o banheiro, ligando o chuveiro. O calor e o vapor da água a incomodaram, fazendo com que se sentisse fraca. Sergei a segurou, despindo-a e fazendo com que se lavasse de forma rápida.
A enrolou em uma toalha, colocando-a em cima da cama:
- Vou avisar Yelena para trazer o jantar, você precisa dormir.
Voltou com o pijama nas mãos, e ajudou-a a se vestir. Em seguida foi tomar banho. Quando saiu, Rana estava sentada na mesa da antesala, o aguardando para comer.
Assim que terminaram, ela comentou:
- William quer conhecê-lo. Vai vir amanhã, para jantar.
- Ele não vai tentar me matar, certo?
Rana riu:
- Acho que não, vai depender do quanto for convincente em mostrar que gosta de mim.
Deitado na cama, Sergei olhava para o teto enquanto Rana respirava profundamente com a cabeça apoiada em seu peito. Pensava em como seria tratado por William e sua equipe. Ao mesmo tempo estava preocupado, poderia ser uma armadilha desde o começo para capturá-lo e sua mulher, uma isca.
Tentou afastar a ideia da cabeça, abraçando Rana com força, sentindo o cheiro de frutas.
Pela segunda vez, teve medo de perdê-la para sempre.
Só em pensar, sentia o peito doer e o ar faltar em seus pulmões.
Fechou os olhos e respirou fundo, ao constatar que realmente não poderia viver sem ela.
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
Художественная проза"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...