Rana observava pela janela do quarto os primeiros flocos de neve que caíam no jardim. A cidade estava cheia de luzes, pela proximidade do Natal. Achava irônico o fato do tempo sempre ir contra as suas necessidades. Quando queria que demorasse a passar ele acelerava, e vice-versa.
Em um piscar de olhos, já haviam se passado dois dias e ela teria que ir até o aeroporto encontrar Samuel, à noite. Calçou as botas, vestiu o casaco e foi caminhando pelo corredor até descer as escadas. Desviou de seu caminho e entrou no escritório.
Sergei estava concentrado, no computador.
Sorriu para ele:
- Vou fazer compras, talvez demore um pouco.
Ele levantou os olhos para ela:
- Vai sozinha, não convidou suas amigas?
- Quero ver as coisas com calma.
Colocou a mão no bolso:
- Leve o meu cartão.
Ela riu:
- Vou usar o meu, obrigada.
Saiu pela entrada principal e entrou em um dos carros, em direção ao shopping center. Eram seis horas da tarde, já havia planejado tudo: deixaria os seguranças aguardando do lado de fora de uma loja de departamento que tinha uma saída lateral e pegaria um táxi.
O avião partiria às oito e ela havia combinado de estar lá às sete.
Assim que Rana se foi, Sergei voltou a olhar para a tela à sua frente. O rastreador havia conseguido as imagens da câmera de segurança do museu e era possível ver Rana conversando com Samuel e levando-o para a sala da gerência. Segundo o dossiê, ficaram lá por aproximadamente dez minutos. Constava que ele era um informante a serviço das agências e que seu objetivo era conseguir provas sobre a organização russa, para que os chefes fossem expostos. As testemunhas entrariam no programa de proteção e seriam realocadas para outros países com novas identidades.
Fechou os punhos com força.
Rana o entregaria à polícia e a culpa era única e exclusivamente dele, por ter confiado na pessoa errada. Começou a sentir o peito apertado, a frustração crescendo.
Levantou e se serviu de uma dose de conhaque, respirando fundo.
Não havia tempo para lamentar ou ter ataques de fúria. Devia ser rápido e cuidar dos seus.
Ligou para Polina, dizendo que fechasse o restaurante e fosse para a estação de trem mais próxima, mas que antes passasse em algum caixa eletrônico e sacasse a maior quantia de dinheiro possível.
Em seguida telefonou para Benjamin, nos Estados Unidos, alertando-o da operação e solicitando que levasse Dimitri para algum dos esconderijos, imediatamente.
Pegou suas armas e chamou Bóris, para que instalasse o protocolo de segurança, ativando o alarme que fez com que todos comparecessem à sala principal. Os portões foram automaticamente trancados pelo lado de dentro e as janelas e portas da mansão lacradas.
Ouviu o toque do celular.
Letizia.
- Que aconteceu? Ativou o protocolo.
- Fomos traídos. A agência deve vir atrás de mim em breve, deve se preparar também.
- Estou em Florença. Quem foi?
- Rana.
O silêncio se instalou por alguns segundos.
Até que Letizia se pronunciou:
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O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)
Ficção Geral"Ficou um pouco assustada. Sua irmã tinha apenas 20 anos. O homem à sua frente devia ter em torno de 45 ou 50 anos. Não deixava de ser interessante, embora um tanto rústico para o seu gosto, mas pensar em unir Aika à ele era um absurdo. Notou que el...