Capítulo 20 - Liberdade

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Sergei estava no escritório, acompanhado de Bóris, olhando para os papéis que se encontravam em cima da sua mesa. Era o contrato para compra da casa de Letizia, em Florença. Segurou a folha na mão:

- Vou aguardar um pouco mais.

Bóris olhou para seu líder:

- Não é um presente para Rana?

- Sim, mas depois que ela viu os arquivos do treinamento da academia e as técnicas de manipulação, acho um pouco arriscado. Pode acabar reforçando a ideia absurda de que estou tentando aliciá-la.

- Vou avisar Tizia que não vai fechar negócio agora.

- Talvez daqui a seis meses.

Ouviu batidas na porta, sorrindo ao ver sua esposa entrar.

Rana parecia aminada:

- Aika está na cidade.

Ele acendeu uma cigarrilha:

- Por que não ficou hospedada aqui?

- Ela preferiu se hospedar no Metropol, disse que tem mais privacidade – olhou para Bóris que estava de saída – diga para Yuliya que telefono para ela mais tarde.

Aproximou-se de Sergei, sentando no seu colo, pegando a cigarrilha de suas mãos, tragando rapidamente.

Ele beijou seu pescoço:

- Já que mencionou, preciso que me ajude a decidir o que será feito com Yuliya.

Rana olhou para ele:

- Feito como?

- Quando irá se unir a outro pakhan, e quem será.

Ficou aborrecida, levantando-se:

- Por acaso ela não tem vontade própria? Não pode escolher seu destino?

- Temos algumas regras.

Sem pensar, Rana acabou desabafando:

- Deixe ela fora disso. Pelo menos alguém vai ser livre, para comandar a própria vida. Não a salvei em vão.

Sergei ficou surpreso com a franqueza de sua mulher. Apoiou as costas no encosto da cadeira:

- Vou considerar a sua opinião.

Ela sorriu, antes de se dirigir para as escadas. Andava lentamente, não conseguia evitar seus pensamentos. Estava apaixonada, mas tinha um lado racional que sempre martelava na sua cabeça sobre o que teria acontecido se ela pudesse continuar a sua vida em Londres.

Provavelmente nunca se sentiria atraída por um homem como ele, era um fato. Talvez voltasse a sair com Durand, ou com outra pessoa. Sentia falta de poder fazer o que quisesse, a hora que bem entendesse, sem ter que ser acompanhada por seguranças o tempo todo, morando em uma cidade fria e cinza.

Quando deu por si, já estava na ala mais afastada, rumo ao seu quarto. Lembrou-se do dia em que dispensou todos e seguiu em um voo comercial, para se encontrar com William. A sensação de normalidade, de estar no meio de pessoas comuns.

A realidade era que ela ficava enfurnada naquela mansão, sem amigos, convivendo somente com Sergei e Dimitri. Queria conversar com outras pessoas, ver o mundo lá fora, sem ter que se preocupar em ser um alvo.

Suspirou, ao tirar as roupas e enfiar-se embaixo do chuveiro.

Avisou Yelena que jantaria no quarto. Sentada na mesa da antesala, mastigava a comida devagar, olhando para o ovo Fabérge e chegando à conclusão que não tinha tanta graça assim. Era só estalar os dedos e pedir qualquer coisa para Sergei, que ele providenciaria.

O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora