Capítulo 33 - Reparação

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Sergei apoiou a cigarrilha no cinzeiro que se encontrava em cima da mesa de cabeceira, e olhou para Rana:

- Você me perguntou, se eu pudesse escolher uma outra vida, como seria.

- Sim, mas você disse que nunca tinha pensado nisso.

Ele pegou a cigarrilha entre os dedos e tragou lentamente:

- Depois disso, eu pensei. E cheguei à conclusão que seria essa – fez um gesto com as mãos como se mostrasse algo – aqui, com minha esposa.

Foi interrompido por ela:

- Ex-esposa.

Respirou fundo:

- Que seja. Eu gostaria de viver assim. Mas não posso, lidero a maior organização e Dimitri ainda não está preparado para assumi-la e mesmo se estivesse, eu e todos ligados à mim continuariam correndo riscos. Não tenho como voltar no tempo para rejeitar sua proposta e me casar com a sua irmã, nem para elogiá-la por ter cuidado bem dos negócios quando fui atingido. Então decidi indenizá-la. Por minha causa deixou sua carreira e tem uma vida restrita e muito inferior à que estava acostumada. Receberá uma quantia considerável e poderá viver bem em qualquer lugar que escolher. No início da semana farei a transferência para a sua conta.

Rana sentiu o sangue ferver em suas veias. Estava claro para ela que ele era somente um homem que tinha dinheiro. A trataria como todas as outras antes dela, seria despachada após receber uma indenização, como se isso resolvesse todo o caos que tinha se tornado a sua vida. Ela não queria o dinheiro e sim voltar a exercer sua profissão, ser livre para tomar suas decisões por conta própria.

Deixou a raiva falar mais alto:

- O quê? Você acha que pode me comprar como as suas garotas, Sergei? Que é só me dar dinheiro e fazer com que eu suma da sua frente para se sentir menos culpado?

Voltou para a sala sem se preocupar com a roupa ou o horário, pegou a bolsa e vestiu o casaco, batendo a porta atrás de si. Entrou no elevador e ao sair na rua telefonou para Letizia, dizendo que precisava se deslocar, já era tarde. A amiga enviou o motorista, que a encontrou na esquina mais próxima. Entrou no carro e disse para onde queria ser levada.

Depois de quarenta minutos, desceu em frente ao bar mais antigo da cidade. Ajeitou o cabelo, dispensou o motorista e entrou.

Andou por entre os chefes de facções e garotas que a olhavam, surpresos.

Foi até o bar, sendo recebida por Yuri, que ao vê-la parecia nervoso:

- Como posso ajudá-la?

- Quero falar com o gerente. E uma taça do seu melhor conhaque.

Foi abordada por Ilya:

- Senhora, o que aconteceu?

Tomou um gole generoso:

- Nada, só vim tomar uma bebida.

A ruiva olhou para ela, sabendo que algo estava errado:

- Me desculpe Senhora, mas de pijamas?

Só então Rana se deu conta que havia saído daquele jeito.

Sorriu:

- Não estava conseguindo dormir – resolveu mudar de assunto – como estão as coisas por aqui? Está sendo bem tratada?

- Sim, o patrão manteve todas as mudanças que fez. Agora podemos escolher nossos clientes e recebemos uma parte maior da comissão.

- E a segurança?

O acordo (Rana & Sergei) (livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora