1 de Maio de 1998
Draco encarava o teto sem realmente enxergá-lo, com o pensamento tão longe que não percebeu que Hermione acordou até ouvir sua voz sussurrar:
– Me diz que você dormiu?
Ele virou o rosto para olhá-la e deparou-se com seu olhar preocupado.
– Desculpe, Granger, mas é impossível dormir com seus roncos.
Hermione riu pelo nariz e o empurrou de brincadeira. Nos últimos dias ele surpreendeu a si próprio com a sua nova capacidade de não deixar transparecer o terror e o caos que habitavam sua mente.
– Você é um péssimo mentiroso – Ela contrapôs, apoiando-se em seu cotovelo esquerdo, para olhá-lo de cima.
– Falo sério – Ele sorriu de lado – Você ronca pra caramba!
Ela abriu a boca para dar alguma resposta espirituosa porém, batidas leves na porta a emudeceram. Em um pulo Hermione apanhou um roupão que estava pendurado sobre uma cadeira e o vestiu rapidamente, encaminhando-se para a porta logo em seguida; quando a abriu, revelou quem era o parvo que os interrompeu: Harry Potter. Draco cobriu a cabeça com o lençol como uma criança birrenta.
– Entre, Harry – ouviu Hermione dizer e logo após ouviu o ruído da porta sendo fechada.
– A poção está pronta – Harry disse.
Somente sob a afirmação é que Draco descobriu o rosto, desconcertado.
– Precisamos ir – o morendo emendou.
Alguma coisa pesou no estômago do loiro, ele quase sentiu o gosto da bile. Queria se lançar ao chão e espernear como uma criança, mas não podia, e isso era extremamente frustrante. Potter e seu mal presságio, como sempre!
– Me de alguns minutos, está bem? – Hermione murmurou para o amigo, que aquiesceu com a cabeça em resposta.
Harry deu um breve abraço em Granger e saiu, em silêncio. Draco esperava, desconcertado, olhando fixamente para as costas de Hermione que parecia tão relutante em olhá-lo quanto.
– Eu não sei se ainda quero fazer isso – Draco deu voz aos seus pensamentos, após um longo período de silêncio.
Finalmente ela se virou para ele, o rosto encharcado por lágrimas. Imediatamente Draco pegou a mão dela e a puxou para si, abraçando-a com força.
– Desculpe se estou tornando isso mais difícil do que é, eu só... não queria dizer adeus. – ele desabafou.
Hermione soluçou baixinho e afastou-se minimamente para responde-lo.
– Não é um adeus – ela parecia querer convencer não somente ele, mas a si própria também – é só um "até logo" – concluiu, chorosa.
Draco depositou um beijo em sua testa, que demorou mais do que devia.
– Nós vamos conseguir.
Ele não estava tão convicto do que dissera, mas precisava crer que de alguma maneira essa merda acabaria e acabaria bem.
. . .
O dia passou vagarosamente, quase como se quisesse levar Draco a loucura. A apreensão o consumia enquanto ele andava em círculos na Casa dos Gritos, pensando em alguma magia que pudesse ser útil para abrir a passagem secreta que houvera ali um dia. Com a respiração e o coração acelerado, Draco sucumbiu, abaixou-se no chão colocando a cabeça em meio dos joelhos e começou a chorar, desesperado. A angústia em seu peito era demasiada, sentia que estava perdendo o controle de seu próprio corpo e aquilo era assustador.
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Escolhas Irreversíveis - Dramione
FanfictionEscolhas não são fáceis. Algumas, por exemplo, são irreversíveis. Draco Malfoy, mais do que qualquer um sabia bem o peso de uma escolha errada. × × × ® FANFIC TAMBÉM EM ANDAMENTO NO SS. ™ IMAGEM POR Lilith2206_AI