Tormented

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02 de Abril de 1997

Com a respiração ofegante, Draco parou com os movimentos de vai e vem ao ouvir som de vozes. Distantes, mas ainda assim, vozes. 

Muitas vozes. 

Olhou para as árvores, tentando enxergar através da neblina. Então ele viu as luzes. Hermione, que também encarava o mar de névoa em busca da origem das vozes, ao avistar as luzes se desvencilhou de Draco em um arranque, levantando-se.

— Droga! — Draco chiou e colocou-se em pé apanhando a sua cueca e calça, e as vestiu como se a sua vida dependesse disso. 

Hermione mal achou voz para reclamar, embora as luzes estivessem longe o suficiente para que não a ouvissem resmungar ou, sequer vissem ela errar os botões de seu sobretudo. Draco se apressou em recolher as coisas - o piquenique quase imaculado - e assim que o fez agarrou a mão de Hermione, guiando-a em meio a escuridão.

— O que será que houve? — Granger sussurrou. 

Draco não respondeu. A reviração em seu estômago não deixou. Andaram mais um pouco, em silêncio, até que se viram atrás da cabana de Hagrid. As vozes sumiram, permaneceram em meio às árvores, agora distantes. 

— Acha que é algo ruim? — Hermione quebrou o silêncio. 

Draco a olhou brevemente, e logo volveu suas orbes cinzas em direção às luzes que emanavam de Floresta Proibida.

— É claro que não — Respondeu ele. 

Todavia, a dúvida não pode ser escondida em sua voz trêmula. 

. . . 

Depois de deixar Hermione em sua Torre, Draco se encaminhou para a Sala Precisa, e lá, ele se deixou cair no chão. Com a cabeça em meio aos joelhos ele abraçou as próprias pernas a medida em que sua Marca Negra começava a arder. Voldemort estava impaciente, e aquele era o seu modo gentil de acelerar Draco. 

— O QUE VOCÊ QUER DE MIM?! — Draco berrou à plenos pulmões. 

Fazia semanas que não ouvia sua voz perversa ou que sua marca o incomodava. Dias longos. Que agora era como a primeira vez. 

Desesperador. 

. . .

— Ei, Draco, acorda — Uma voz o alcançou em seu sono cheio de imagens bizarras. 

Draco piscou, não queria abrir os olhos, não queria abrir os olhos nunca mais. Não depois do pesadelo que teve - esse nada a ver com Voldemort, apenas a sua própria consciência pesada - onde ele se via em pé em cima de uma pilha de corpos ensanguentados. 

— Draco, anda! Dumbledore disse que é para os alunos se reunirem no Salão Principal. 

— Eu não vou — Malfoy respondeu ainda de olhos fechados, sem saber a quem exatamente. 

— Todos, caralho! 

— Parece que acharam um corpo nessa madrugada, lá na Floresta Proibida. 

Draco abriu os olhos em um rompante, deparando-se com Blás e Theo a beira de sua cama, ambos de braços cruzados e encarando-o. 

— Isso é sério? — Draco quis saber, erguendo-se da cama. 

— Já me viu sair da cama as seis da manhã em pleno domingo? — Theo inquiriu, arqueando uma sobrancelha. 

. . .

Havia se encaminhado para o Salão depois de se vestir às pressas, com Zabini e Nott ao seu lado. Quando chegou lá percebeu que eram os últimos quando pegou Dumbledore ao meio de seu discurso, e pararam ali mesmo debaixo da soleira para ouvir o velho.

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