Escolhas Irreversíveis - Dramione

Frustrated Impulses

10 de Dezembro de 1996

Devido à sua conquista com o armário sumidouro, Draco considerou o dia após como o pior de sua vida! Não havia nada no mundo mais odioso do que ser regido por Lord Voldemort. Passou a segunda-feira recluso em seu dormitório, enroscado em sua cama como o frouxo que era, com as persianas fechadas e a cabeça entre os joelhos. Estagnou-se em sua pose decadente por um período longo, preso em seu vitimismo, pragando o mundo por suas desventuras. Só depois de dormir e se revirar em sonhos complicados com seu avô Abraxas o repreendendo, soube que ele também era culpado por seus próprios dissabores. Todavia, era covarde de mais para se opor à seu status de Comensal da Morte. 

Como não podia se esconder no dormitório para sempre, pela manhã do dia seguinte levantou-se para encarar mais um dia de ensinamento com a escória de Hogwarts. Tomou um banho rápido, colocou suas vestes da escola, apanhou sua varinha, e com desalento deixou as paredes escuras do quarto para trás ao lado de seus colegas. 

O Salão Principal nunca esteve tão vivo - na verdade ele é quem não tomava café por lá no horário exato há um bom tempo. Enquanto caminhava pelo corredor em meio às mesas para chegar à de sua casa, percebeu que os alunos da Corvinal estavam mais desordeiros que o normal. Só mais tarde, depois que sentou-se e serviu-se com mingau de aveia é que registrou alguns deles com o uniforme de Quadribol.

— Corvinal contra quem? — Draco perguntou à ninguém específico, sua voz arranhando por não tê-la usado nas últimas 24 horas. 

— Lufa-lufa, lembra? — Nott respondeu com a boca cheia de torrada.

Ele não se lembrava, mas aquiesceu com a cabeça mesmo assim. Precisava se dedicar mais ao Quadribol, apesar de ser inútil com o cara de cobra dominando sua vida; desde pequeno ansiava por ser um jogador profissional. Este sonho, porém, estava tão inalcançável quanto as estrelas do céu.

— Espero que os babacas da Corvinal percam. — Zabini comentou — Seria ótimo para a Sonserina. 

Draco segurou um suspiro. Sua casa estava em terceiro lugar, e precisava que Corvinal perdesse para passar à frente - uma vez que os Corvinos estavam segundo lugar por apenas dois pontos de diferença. Todos da casa da serpente queriam a grande final com os leões - ao qual estavam em primeiro lugar com dezenove pontos à frente; entretanto, se Draco continuasse tão disperso quanto na última disputa acabariam em último. Melhor do que o segundo lugar, que de acordo com Lucius era o primeiro a perder. Estalou o pescoço para se livrar da tensão e dos pensamentos que tomavam um rumo perigoso. Se recompondo, inevitavelmente seus olhos dispararam para a mesa da Grifinória, diretamente para ela, a qual estava mordiscando uma torrada e assentindo com a cabeça para sua amiga ruiva, que tagarelava qualquer coisa ao seu lado. Draco corou, por alguma razão desconhecida e detestável, e logo desviou os olhos de Hermione. As imagens do sonho da tarde retrasada assaltando sua mente. 

Era patético, no mínimo, o quão cheio de carência ele devia estar. Era a única conclusão em que conseguira chegar depois de pensar a respeito; meses sem contato físico com uma garota geraram o sonho ominoso que teve! Apesar do vínculo amigável que criaram, ainda era difícil para Draco se afastar de seu preconceito. Hermione o amparou por diversas vezes; era bondosa com ele; dona de um sorriso contagiante e uma paciência quase infinita; e o que mais o surpreendia: ela se preocupava realmente com ele. Contudo, nenhum desses adjetivos poderiam modificar o sangue-sujo que corria em suas veias. 

Era horrível que ele ainda tivesse pensamentos como este, e embora estivesse tentando enxergar além da linha de “sangues-puros não podem se relacionar de maneira alguma com sangues-ruins”, abominava o sonho que tivera exatamente por isto: por ser ela. Nunca dormiria com uma nascida-trouxa, e só de quase tê-lo feito - ainda que inconsciente em sono - era uma razão para se afligir.