Forgive And Forget

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09 de Fevereiro de 1997

Draco girava o tronco defronte ao espelho tentando enxergar alguns ângulos à mais de seu corpo. A maioria das marcas não eram mais visíveis; sobrara apenas três: um risco pequeno e rosado em sua clavícula esquerda, um risco médio quase na horizontal em seu quadril e o maior deles, rosado e disforme um pouco abaixo de suas omoplatas, próximo a costela. Podia viver com elas e com a história que carregavam. Recolocou sua camiseta e com um suspiro cansado saiu do banheiro, deparando-se com Blás bem diante de si. Quase esbarrando no amigo, Draco uniu as sobrancelhas para o mesmo, ao qual estendeu para ele uma caixinha branca.

- Que droga é essa?

- Algo para te relaxar.

Draco empurrou a mão que segurava a caixinha e passou por ele, encaminhando-se para a sua cama.

- Isso - Blás prosseguiu, seguindo-o pelo dormitório -, é um maço de cigarros. Já ouviu à respeito?

- Não.

- É um dos maiores vícios dos trouxas.

Não estava curioso antes, e menos ainda depois da informação. Fechou seus olhos e suspirou, esperando que o amigo pegasse a dica e percebesse que ele não queria conversar. Não com ele.

- Você vai melhorar rápido depois de um desses.

Mais um suspiro, esse pesado e carregado de impaciência.

- Quer saber como usar?

Draco abriu um olho para espiar.

- Qual é o seu problema?

- Nenhum. - Zabini deu de ombros.

Observou o moreno abrir o maço e puxar de dentro do mesmo o que só podia ser o tal cigarro. O nome dado ao canudo branco em meio aos dedos de Blás soava esquisito aos ouvidos de Draco.

- Ótimo! Então me deixe dormir em paz.

Ignorando o resmungo do amigo, Blásio caminhou até a cama do loiro, onde sentou-se na beira, pegou sua varinha do cós da calça e levou o cigarro aos lábios.

- Me diz que não vai comer isso?

Uma risada explodiu através da boca de Zabini, ecoando pelo cômodo gelado e dando vida ao dormitório com pouca luz.

- O que é, seu imbecil? - Draco chiou arqueando as sobrancelhas.

- Isso, - Blás sacudiu o cigarro ainda com ar de riso - não é para comer, é para fumar.

"Fumar ..."

Draco lembrou-se de uma ocasião na Malfoy Manor em que seu pai estava em reunião com uns bruxos árabes; lembrou-se de um objeto de vidro que possuía mangueiras; lembrou-se do cheiro de frutas e da fumaça escapando de suas bocas; "Venha fumar conosco, meu jovem!" dissera um dos bruxos, o mais velho deles, um bêbado que adorava piadas sujas. O asco de vê-los passar a mangueira de boca em boca foi maior que sua curiosidade e que seu desejo de dividir momentos com Lucius, por essa razão havia recusado-se a provar o que quer que aquilo fosse.

Uma chama pequena surgiu da ponta da varinha de Zabini, que guiou a mesma até o cigarro, acendendo-o. Em seguida, guardou a varinha e ofereceu o cigarro aceso para Draco, ao qual arqueou as sobrancelhas com desconfiança.

- Não é veneno. Quer dizer, é, mas ... Enfim, é o que me acalma quando não posso lidar com a vida como ela é ...

- Tem alguma coisa que você queira dizer? Você não tá normal. - Draco disse devagar, só agora percebendo o humor oscilante de Blás.

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora