After The Storm

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05 de Novembro de 1996.

O Salão Principal estava quase vazio àquela hora da manhã. Tranquilo e silencioso, raro em Hogwarts. Isso, é claro, só tinha sido possível porque Draco levantou-se com o sol.

Insônia. Sua mais nova companheira da madrugada.

Decidira que não beberia mais a poção do sono, essa andava lhe causando dores de cabeça terríveis assim que acordava, como se alguém estivesse espremendo seu cérebro com as mãos.

- Achei você.

Draco ergueu os olhos de seu chá de gengibre, que ele ainda não havia dado um gole sequer, e viu Blásio contornando a mesa para chegar até ele. Esperou seu amigo o alcançar e assim que ele se empoleirou ao seu lado no banco Blás colocou um pergaminho sob a mesa e o deslizou para Draco.

- O que é isso? - O loiro uniu as sobrancelhas, a voz um pouco rouca.

- É do meu pai.

Draco não precisou de mais explicações, logo soube do que se tratava e se apressou em desenrolar o pergaminho.

- Pensou que eu tivesse esquecido? - Indagou Blásio, dando um meio sorriso.

- Na verdade, pensei. Faz quase dois meses que conversamos sobre isso ... - Draco disse vagamente, mais preocupado em ler o que o Sr. Zabini escrevera.

- Sabe como é, estão interceptando corujas. Principalmente as de "suspeitos" de envolvimento com você-sabe-quem.

- Eu sei ...

Correu os olhos rapidamente por cada palavra em busca da que lhe trouxesse alívio ou, desespero. Tudo dependia se as notícias seriam boas ou ruins.

. . . Sobre Narciza, tudo o que posso dizer é que ela está sobrevivendo; bem fisicamente, embora não desfrute mais de sua vida luxuosa. Não está sendo fácil para ninguém! Você sabe que não dá para contar tudo à você, estamos sob ordem de silêncio. Portanto, peça a Draco para que se acalme, as coisas por aqui prosseguem na mesma.

Draco parou de ler nesse trecho, de repente, desanimado.

- Sei que não era o que você esperava. - Blás disse como quem se desculpa ao vir o desapontamento estampado no rosto de seu amigo.

- Obrigado. - Draco murmurou.

Um silêncio desconfortável baixou entre os dois, ao qual Draco não aguentou por muito tempo e logo se colocou de pé, se encaminhando para a saída do Salão.

. . .

Ele só precisava de coragem. Seria rápido, tanto que talvez pudesse ser até indolor. Uns dez segundos até o chão? Não, bem menos. A Torre era razoavelmente alta, porém não era o bastante para que o processo demorasse. O importante mesmo era que não sobrevivesse à queda.

Ele queria morrer.

Um dia morreria de qualquer modo, qual o problema em antecipar esse fato? Passou uma perna e depois outra pela grade, se colocando do lado externo da Torre de Astronomia. O vento rugia com violência, a neve rodopiava e se erguia do chão indo em sua direção como dedos cadavéricos, decididos a puxá-lo para o desconhecido. Não conseguia se lembrar de quando havia decidido dar fim à sua vida. Só conseguia pensar no seu medo e em como ele o consumia dia após dia. Inclinou-se para baixo, puxou o máximo de ar que podia, como se fosse se lançar no mar e não no concreto. Bastava largar a barra da grade. Seu estômago embrulhou, ele não teria coragem ... Ou teria? Sua respiração estava acelerada, assim como seu coração que bombeava a adrenalina por seu corpo. Draco parecia cego, nada seria capaz de arrancá-lo daquele poço de desespero ao qual se lançara.

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora